domingo, janeiro 08, 2006

Tantas palavras para não dizer nada
Texto com dias (não sei se devia ver a luz do dia, mas que se lixe)

Guitar Without Strings, a resposta a ti dou-te no messenger, uma noite destas.

Não sei que mais dizer neste espaço. Não só neste blog, mas neste espaço a que chamam vida. Os ultimos dias tornaram-se num tormento dificil de suportar, o vazio que me invadiu por inteiro faz-me detestar tudo e mais alguma coisa que me rodeia, faz-me detestar acima de tudo o meu proprio reflexo no espelho ou a minha própria companhia. Nestas alturas nem a solidão parece oca, insconsciente ou quieta o suficiente para me sossegar e tudo inrompe na minha mente como que prestes a explodir num grito de raiva que me vejo obrigado a conter. O sono tarda uma eternidade até conseguir tomar conta da minha mente e do meu corpo, e mesmo durante esse tempo não consigo ter o descanso por que tanto suspiro. Preciso de distancia de tudo e não tenho para onde fugir. Não tenho um abrigo do resto do mundo, nem um refugio de mim (que tanto preciso). A dor tem um nome, paixão. E tem uma maneira de se fazer sentir dificil de explicar, a constante falta de ar por mais que se encha o peito, o vazio que corre na barriga, a falta de força.
E quando essa paixão é sentenciada à morte pelo que me rodeia, só apetece ir junto nessa sentença.O mundo que conheço parece querer desmoronar-se debaixo dos meus pés. Às vezes só peço que a escuridão e o silencio tomem conta de tudo, que o cérebro se desligue para deixar de pensar nessa pessoa... que o coração pare, para não perturbar a paz que persigo. Que me deixem esquecer que há mundo lá fora. Que se esqueçam que fiz parte desse mundo, esse mundo não tem nada a ver com o que quero. E fazer tudo isto tentando manter a rotina do dia-a-dia.

A vontade que tenho tido de fazer mal a mim mesmo... falta-me sempre a coragem, feliz ou infelizmente nunca chegarei a esse ponto. O truque parece que está em procurar as coisas que nos fazem sorrir. Tenho tido muitas dificuldades em fazê-lo, nos ultimos dias. Talvez tenha as prioridades erradas... disso já desconfio há muitos anos, mas caio uma e outra vez no mesmo erro. Vivo numa epoca que é demasiado avançada para mim. Ninguem leva à letra aquilo que escrevo, quem se revê no que escrevo deve ser tão incompreendido como eu, porque acho que ninguem me leva a sério. Hoje em dia querem é divertir-se, e não há mal nenhum nisso, mas há certos sentimentos que deviam ser levados mais a sério, sob pena de se tornarem demasiado banais e o amor verdadeiro tornar-se num mero acidente de percurso, ou em alguma coisa como duas horas de um filme qualquer que se vai ver ao cinema ou que se encontra numa feira de aberrações.

Já sei, já sei. Chamem-me parvo à vontade. Cada um tem as suas parvoices, eu tambem tenho as minhas.

O primeiro comentário que escrevi num blog, se não estou em erro, foi este:
“por vezes temos ideias e desejos que, ao olharmos mais atentamente, apenas não se realizam por um simples grão de areia? E quantas vezes não olhamos para esse grão de areia como se tratasse de um rochedo enorme, inamovivel e simplesmente o deixamos lá estar? por vezes basta um ligeiro sopro para que o grão de areia desapareça e a engrenagem dos sonhos volte a rolar. Continua a tentar soprar esses grãos de areia.”

É preciso maior prova de que “falar é fácil, o dificil é fazê-lo” ?
Mas o mundo não pára, apenas se tornou muito pequeno... e aterradoramente apertado.
Deixo a seguir dois poemas e um excerto de outro (do fim para o inicio), todos de W.H. Auden.

Law, Like Love (excerto)

No more than they can we suppress
The universal wish to guess
Or slip out of our own position
Into an unconcerned condition.
Although I can at least confine
Your vanity and mine
To stating timidly
A timid similarity,
We shall boast anyvay:
Like love I say.

Like love we don't know where or why,
Like love we can't compel or fly,
Like love we often weep,
Like love we seldom keep.

WH Auden

O Tell Me The Truth About Love

Some say love's a little boy,
And some say it's a bird,
Some say it makes the world go around,
Some say that's absurd,
And when I asked the man next-door,
Who looked as if he knew,
His wife got very cross indeed,
And said it wouldn't do.

Does it look like a pair of pyjamas,
Or the ham in a temperance hotel?
Does its odour remind one of llamas,
Or has it a comforting smell?
Is it prickly to touch as a hedge is,
Or soft as eiderdown fluff?
Is it sharp or quite smooth at the edges?
O tell me the truth about love.

Our history books refer to it
In cryptic little notes,
It's quite a common topic on
The Transatlantic boats;
I've found the subject mentioned in
Accounts of suicides,
And even seen it scribbled on
The backs of railway guides.

Does it howl like a hungry Alsatian,
Or boom like a military band?
Could one give a first-rate imitation
On a saw or a Steinway Grand?
Is its singing at parties a riot?
Does it only like Classical stuff?
Will it stop when one wants to be quiet?
O tell me the truth about love.

I looked inside the summer-house;
It wasn't over there;
I tried the Thames at Maidenhead,
And Brighton's bracing air.
I don't know what the blackbird sang,
Or what the tulip said;
But it wasn't in the chicken-run,
Or underneath the bed.

Can it pull extraordinary faces?
Is it usually sick on a swing?
Does it spend all its time at the races,
or fiddling with pieces of string?
Has it views of its own about money?
Does it think Patriotism enough?
Are its stories vulgar but funny?
O tell me the truth about love.

When it comes, will it come without warning
Just as I'm picking my nose?
Will it knock on my door in the morning,
Or tread in the bus on my toes?
Will it come like a change in the weather?
Will its greeting be courteous or rough?
Will it alter my life altogether?
O tell me the truth about love.

WH Auden


The More Loving One

Looking up at the stars, I know quite well
That, for all they care, I can go to hell,
But on earth indifference is the least
We have to dread from man or beast.

How should we like it were stars to burn
With a passion for us we could not return?
If equal affection cannot be,
Let the more loving one be me.

Admirer as I think I am
Of stars that do not give a damn,
I cannot, now I see them, say
I missed one terribly all day.

Were all stars to disappear or die,
I should learn to look at an empty sky
And feel its total dark sublime,
Though this might take me a little time.

WH Auden






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