Lá fora tem chovido
Há cores que me fazem mal, já há muitos anos. Certas cores de cabelo que me deixam a desejar ser diferente. Certas cores de olhos (ou todas as cores de olhos) que me levam a trilhar caminhos loucos, em fuga ao desespero que se aloja na minha mente. Certas cores de pele, esses tons de pele que tanto me fazem sentir desilusão por mim próprio. Preciso de um mundo de cores novas que ninguem tenha inventado ainda. Preciso que a loucura que habita em mim se liberte do vazio e da solidão, e tome em seus braços novas tonalidades que estes meus olhos ainda não tenham visto, em sonhos anteriores.
Lá fora tem chovido. Cá dentro as gotas de água caem mas é dos meus olhos, secos por dentro mas inundados por fora. Já nem sei se estas lágrimas são consequencia apenas da doença que me devora as entranhas ou se será de outras visões, reais e imaginárias, que presenciei nos ultimos dias e que desejava nunca ter visto.
A tosse explode de dentro de mim como erupções vulcanicas violentas, e não há maneira de rebentar de vez com os meus pulmões, desfazendo-os em mil pedaços.
Pois que expludam, e que os seus estilhaços se espalhem pelo resto do meu corpo, cobrindo de destruição os restantes orgãos que, ao rebentarem também, farão dos meus restos mortais uma carcaça irreconhecivel, sem pés nem cabeça – tal e qual como já é, hoje em dia.
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