quarta-feira, julho 16, 2008

A quebra do tabu

Pode até surpreender-te o que te vou dizer agora, tendo em conta a forma insaciável como sorvíamos cada segundo que estávamos juntos com uma vontade arrebatadora que dava a entender que eram poucos os segundos que nos restavam.
Não tenho saudades do sexo. Podes estranhar dizer-te isto, mas com o tempo uma pessoa habitua-se a que faltem certas coisas e com mais ou menos esforço lá consegue passar sem pensar nisso.
Não, não tenho saudades do sexo.


Aquilo que mais sinto falta e que mais me deixa vazio por dentro é deitar-me para dormir, apagar a luz e faltarem-me os teus braços a envolverem-me como se eu fosse a tua almofada ou o teu ursinho de peluche preferido da infância perdida.

Aquilo que mais sinto falta é a proximidade do teu corpo que se aninhava ao meu e o bater do teu coração, que lentamente descansava ao sentir o bater do meu e aos poucos se deixava adormecer numa paz intemporal.

Aquilo que mais sinto falta é de sentir o teu corpo sobre o meu - nu ou vestido era indiferente, e sei que achas isto estranho, também – apenas e só. Sentir-te o corpo a descansar sobre o meu, desde os pés até ao meu peito, onde pousavas a cabeça e as mãos e ali te deixavas adormecer até ao raiar do sol. Eu feito teu colchão e tu o meu lençol, numa cama humana sem qualquer corpo estranho pelo meio.

Aquilo que sinto mais falta não é do sexo, lamento.
És tu, apenas e só tu o que mais falta me faz.


No fundo a vida não passa de um aglomerado de pequenos momentos que se vão esquecendo, com o passar do tempo.
Mas nem todos…




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