sexta-feira, abril 14, 2006

Sorumbático, talvez...


O silêncio que proporciona uma televisão desligada permite vislumbrar uma ténue tentativa de descanço.
A clara imagem que se espelha na mente traz à lembrança a luminosidade de uma lâmpada apagada, ou de um quarto às escuras... ou de uma cidade em ruínas.
A porta fechada não passa de um sinal de proíbido, onde a solidão passa a ser tão desejada como necessitada, qual oxigénio a correr-lhe por dentro, até aos pulmões. Esfumando-se em nada, cumprindo algum propósito da sua existencia.
As mãos seguram a cabeça como se esta não se aguentasse por si só, com os cotovelos apoiados nos joelhos, sentado na berma da cama.
Os olhos, apontados ao infinito breu do nada, procuram ver na escuridão aquilo que nunca lhe foi mostrado, as tão faladas maravilhas do mundo.

Os ouvidos anseiam por aquilo que nunca ouviu dirigido a si, nem da boca de ninguem nem provocado por outra coisa qualquer. Algo que se assemelhe, ainda que ao de leve, com um “só tu fazes isto tudo ter sentido" ou "és tu a minha razão de ser como sou”...

... mas nada, ninguem ou coisa alguma.

Recusa-se a voltar deixar entrar o mundo.
Se pudesse...
Se conseguisse...
Como se só dependesse de si.
Deita-te e esquece que existe... vida!







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