The box inside the box inside the box inside the box inside the box
Por vezes dou por mim a pensar para com os meus botões, a remexer nas areias movediças da memória. Às voltas com a caixinha das surpresas agradáveis. Dentro dessa encontra-se uma outra mais pequena, a caixa das surpresas agradáveis que por alguma razão me deram desgostos. É lá, nessa caixa dentro da caixinha das surpresas agradaveis, que guarda a memória de todas a raparigas por quem me apaixonei. O que me leva a voltar a remexer nessa caixa? De tempos a tempos é apenas com o intuito de meter lá a memória de mais alguem que me tocou de forma mais especial... outras vezes é apenas para me lembrar que há pessoas capazes de me tocar de maneira especial, mesmo que seja sem intenção.
É nessa caixa que guardo as memórias de quem me fez comprar a primeira máquina fotográfica, há quinze anos atrás, mais coisa menos coisa, só para lhe tirar uma fotografia e poder guardá-la (por falar nisso, essa foto já só existe na minha memória, mesmo). Ou a memória da pessoa para quem começei realmente a escrever. Ou a memória de quem me deu tempo e que me aturou, mesmo que durante apenas alguns meses. Também a memória de quem me fazia cancelar qualquer coisa, nem que fosse apenas para lhe fazer um pequeno e simples favor. No fundo, as memórias de todas a paixões arrebatadoras que tive. Uma ou outra paixoneta, também – lembro-me de quase todas as que tive até à adolescencia.
Ao lado dessa caixa, dentro da caixinha das surpresas agradáveis, invariavelmente fica a fonte dos sonhos. De tempos a tempos corre com toda a força e os seus jactos de água não são como os de uma fonte qualquer, não. Estes são imprevisiveis, formam figuras, desenham imagens e feições e são de todas as cores, como se querem os sonhos.
Hoje em dia essa fonte está quase seca, a água quase que não corre e não tem força para qualquer jacto de água, e a unica cor que conhece é o cinzento.
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