sexta-feira, agosto 11, 2006

Wake up call!!


A festa estava excelente. Os teus amigos e os meus a partilharem o mesmo tecto, a ouvir o mesmo som e a terem as mesmas conversas. Tu não perdias uma oportunidade para me espicaçar, fosse pelo que fosse, e eu não perdia uma oportunidade de responder com um qualquer comentário mordaz. E lá continuavamos os dois, cada um para seu lado, com um sorriso de quem se está a divertir com essas situações.
A certa altura, quando vinhas na minha direcção com o teu magnifico sorriso na face e parecias preparar-te para mais uma picardia comigo, o teu chinelo terá ficado preso no tapete (digo eu, que nem vi porque foi) e, evitando que caisses, estiquei os meus braços e amparei o balanço com que ias.
Para que ninguem reparasse que tinhas tropeçado puxei-te para dançar, bem abraçados. Nem muito rápido nem muito lento. Nem interessava o ritmo da musica – talvez fosse Portishead, Sneaker Pimps ou mesmo Morcheeba, num estilo chillout que fica sempre bem como musica de fundo. Dançávamos ao nosso ritmo, não interessava o da musica...
Os nossos amigos, apercebendo-se do que se estava a passar olhavam para nós, não diziam nada e apenas sorriam. E antes que a musica acabasse, fomos para a rua, sem nunca nos largarmos, onde a luz da lua cheia convidava a encontrar um local recondito onde mais ninguem nos encontrasse. No entanto, escolhemos ficar num banco de jardim, onde nos sentámos, a inicio sem falar com a boca. No meio do silencio falavamos com o bater dos nossos corações. Apenas ali sentados a admirar o céu com todas as estrelas a quererem brilhar o mais que pudessem, mais do que era normal, só para nós. Tu com um braço à volta da minha cintura e a outra mão sobre o meu peito. Eu com um braço por cima dos teus ombros e a outra mão por cima da tua mão, que me acalmava o apressado ritmo cardíaco muito acima do aconselhado.
Começámos então a conversar. As conversas típicas de casais enamorados, que parecem conversas infantis para as outras pessoas. Medíamos e comparávamos os tamanhos das mãos um do outro, ou o feitio dos dedos, como se fosse preciso uma desculpa para nos tocarmos com as mãos de um no outro. No fundo era como se nos beijassemos quando as pontas dos nossos dedos tocavam-se. Não precisavamos mais, porque sabiamos que o verdadeiro beijo aconteceria mais cedo ou mais tarde. E tudo parecia assim seguir o caminho mais certo e mais perfeito que se podia imaginar... porque o beijo aconteceria, e tinhamos tanta certeza disso que nem um nem outro tinha qualquer pressa... porque quando acontecesse seria monumental, memorável e quiçá interminável, pelo menos nas nossas memórias...


...e o desgraçado do despertador tocou!!
E ainda me perguntam porque acordei de mau humor... e se respondesse que é porque a realidade anda tão longe dos sonhos que tenho, mais precisamente deste sonho que tive esta noite? Mas também, acho que era pedir demais...






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