Despertares
Acordo demasiadas vezes, durante a noite.
Tantas que já lhes perco a conta e a razão.
Por vezes acordo...
... com os braços dormentes, como se tivessem morrido para mim, como se fosse impossivel comandá-los. Fruto de voltas e mais voltas numa cama que parece demasiado grande para um só corpo, na incessante busca de um alguém a quem me aconchegue e que me trate como seu. Um alguém que nunca está lá.
Por vezes acordo...
... a morrer de calor num mar de chamas, no inferno em que se tornou deitar-me neste colchão demasiado solitário, esperando que o meu corpo se transforme em cinzas que uma brisa de vento se encarregará de espalhar, não deixando qualquer vestigio de mim.
Por vezes acordo...
... sufocado pela falta de ar, neste imenso oceano de solidão em que me afogo, onde a luz se esfuma, onde o oxigénio rareia e onde se julga que é impossivel o ser humano resistir.
Por vezes acordo...
... olho em meu redor e só desejo nunca mais voltar a acordar.
Nota: fotografia do por-do-sol de ontem, 7 de Novembro, na Praia de Faro.
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