terça-feira, julho 03, 2007

O dia-a-dia da monotonia


“Dá-me um bocado de espaço”, disse-me.
Por momentos perguntei-me como o faria... e afinal era coisa tão simples, esticar os braços e com as mãos desnudadas agarrar uma porção de espaço sideral, colocá-lo gentilmente numa velha caixa de sapatos e adorná-la com uma fita de vermelho brilhante. Ver-te o sorriso de espanto e arrebatamento ao abrires uma caixa velha e no seu interior encontrar uma porção de espaço só nosso. Uma porção de espaço onde poderiamos pintar novas estrelas e esboçar novas constelações a nosso bel-prazer. Onde poderiamos quebrar os limites da imaginação rumo à galáxia dos infinitos.

“Dá-me algum tempo”, disse-me...
Logo comecei a inventar formas de congelar amontoados de segundos numa linda pequena garrafinha de perfume vazia, que podeira depois ser administrado cuidadosamente e com critério como se fosse um tempo só nosso, e não coubesse a mais ninguem viver esse tempo em que estariamos juntos.

“Não percebes... preciso de espaço para mim... e preciso de tempo para saber porque deixei de gostar de «nós»”, disse-me... no dia em que o tempo se esgotou e o universo se fez ruínas.




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