Não suporto aranhas... sou aracnofóbico!
Sou velho!
Não é que esteja velho agora... sou velho. Isto não é uma caracteristica que tenha desenvolvido recentemente, é uma coisa que faz parte de quem eu sou há já muito tempo. Não é por ter feito anos ou ter passado alguma barreira psicológica em termos de idade que passei a ser velho. Cinquenta, sessenta, setenta... não sei e tanto me faz, já há muito que não faço por manter a conta e ninguem a faz por mim. Já sou velho há muito tempo, talvez desde a altura em que devia ter entrado na adolescencia.
Não é por ter mais ou menos rugas ou a cabeça coberta por mais ou menos cabelos brancos ou grisalhos. É dentro da cabeça de cada um que a velhice se instala e ganha contornos que a tornam real. Sou velho porque nunca soube me comportar como as pessoas da minha idade. Sou velho porque nunca soube tirar proveito da energia ou jovialidade que me era dada pela natureza, nunca soube lhe dar uso.
Apenas me deixei ficar... empedernido pelo gélido vento, pelo irresistivel passear dos ponteiros de um relógio ou pelo rasgar de mais uma folha no calendário de parede que apenas existia na minha mente.
Não digo que sou velho apenas porque me apeteça... sou velho porque nunca soube ser jovem. Se o tivesse sido nem seria capaz de dar por isso. Mas hoje em dia, olhando para trás, vejo que passei automaticamente da infancia para a tenebrosa velhice mental.
Estou há demasiados anos neste banco de jardim, os pombos vão e vêm, uns e outros, várias gerações deles, mas eu... sou o mesmo velho de sempre, de toda uma vida... e apenas os pombos me fazem companhia.
No fundo, sou velho porque estou infinitamente preso ao irreversivel “não saber o que é viver”!
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