Alusões a tempos idos
Hoje o céu vestiu o seu fato cinzento, engalanou-se com as cores que inconscientemente eu lhe pedia... acedeu aos meus pedidos, ciente dos acontecimentos que estavam destinados para este dia. Criou assim uma sintonia perfeita com o mundo que nos rodeia, numa tentativa vã de aliviar o nó que teima em apertar a garganta, de cada vez que se engole em seco, antevendo aquilo que nos espera.
Acredito que há uma especie de lei universal que nunca deveria ser quebrada. Um conjunto de circunstancias que se deveriam reunir para que estes momentos podessem passar melhor e a dor a tristeza e a solidão fossem mais faceis de suportar.
Por isso digo que as despedidas deveriam seguir certas regras. O céu dever-se-ia vestir sempre com um enorme manto de nuvens bem escuras que cobrisse toda e qualquer claridade do sol. Se a isto se juntasse uma chuva, ainda melhor... diluviana... assim o seu barulho ao cair no chão atenuaria o silencio aterrador de quem não quer dizer ou ouvir um “adeus”.
Mesmo com a promessa que esse adeus seja temporario, paira sempre o espectro ensandecedor de que afinal não venha a ser bem assim... um adeus tem o dom de ameaçar tornar-se demasiado definitivo e irreversivel.
O dia seguinte pode ser calorento, radioso e repleto de sol e luz, para que os comuns humanos se esqueçam da nossa despedida... “temporaria”, já sei que irias dizer... mas quem pode garantir assim com tanta certeza?
Será um tanto ou quanto indiferente se os dias seguintes serão de sol ou não, tudo continuará demasiado cinzento e chuvoso para mim...
Hoje não me importo com estas nuvens cinzentas, até as desejei. Nem me deixa mais feliz o sol que virá amanhã. Ficarei a lembrar o dia sombrio em que te disse “volta depressa”... e tu, sem medires o alcance das palavras, disseste “adeus”...
...sabe-se lá até quando.
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