Ao desmazelo
(tal como, infelizmente, este blog)
Ao desconsolo de um mar revolto
Se te soprar levemente no pescoço,
será que ainda te lembrarás
do doce e suave sabor da brisa amena
trilhada nos nossos passeios à beira-mar,
quando o sol lentamente se despedia de nós
a caminho da noite dos seus aposentos
e a areia se transformava numa passadeira
onde esculpíamos efémeras gargalhadas
cinzeladas pela perfeição das nossas pegadas…
Se te tocar levemente na mão,
será que te lembrarás das promessas
que fizemos ao espelho embaciado
de uma casa de banho reconfortante,
quando dizíamos que nunca deixaríamos de ser
um só corpo, uma só mente… um só som
que romperia com as fronteiras do tempo.
Se gritar o teu nome
ao desconsolo de um mar revolto,
será que ouvirás a palavra “saudade”…
lembrar-te-ás que, a quilómetros de distância,
ainda insiste em existir uma simples pessoa
que alberga um coração que diz o teu nome
ao compasso do sangue que bombeia…
Se sussurrar teu nome
Ao desconsolo de um mar revolto
saberás que apenas significa “amo-te”?
......................Nelson Gonçalves (19/02/2010)