quinta-feira, setembro 11, 2008

Apenas uma gota num oceano de dúvidas



Tem faltado a inspiração e a vontade para escrever o que quer que seja. Muito em que pensar e nada em concreto acabo por se resolver. Costumo dizer que o mundo já não está preparado para "romanticismos", que acabei por vir ao mundo muito atrasado para que pudesse desfrutar do que sou na plenitude, que estou preso neste tempo que não é o meu...
O que é certo é que quanto a isso não há grande volta a dar, apenas tentar aproveitar o melhor possível daquilo que nos é dado.

Lembrei-me da louca e excelente ida a Sagres, no mês passado, para o Sagres SuperBock Surf Fest. Por isso vou meter aqui esta musica. Talvez a minha preferida de todas as musicas que foram lá tocadas... e eu, que na altura em que esta musica foi tocada estava lá... e no dia seguinte nem me lembrava deles a terem tocado ou não (e até tenho um pequeno clip filmado nessa altura). Partidas que os poucos neurónios pregam de vez em quando (cada vez mais frequentemente).

Teardrop, dos Massive attack.



(love)love is a verb
Love is a doing word
Feathers on my breath
Gentle impulsion
Shakes me makes me lighter
Feathers on my breath

Teardrop on the fire
Feathers on my breath

In the night of matter
Black flowers blossom
Feathers on my breath
Black flowers blossom
Feathers on my breath

Teardrop on the fire
Feathers on my breath

Water is my eye
Most faithful my love
Feathers on my breath
Teardrop on the fire of a confession
Feathers on my breath
Most faithful my love
Feathers on my breath

Teardrop on the fire
Feathers on my breath

Stumbling a little
Stumbling a little

(Teardrop, Massive Attack)

Etiquetas:





quarta-feira, setembro 03, 2008

Teorização sobre a problemática dos bancos cor-de-laranja nos transportes públicos, suas implicações e consequencias de um eventual alastramento a outros niveis da sociedade contemporanea

Fim de tarde de um qualquer tórrido domingo de Verão.
As ruas vazias fazem pensar que se trata de uma cidade fantasma, pulsando uma calma impossível de igualar durante um dia de semana. Já as famílias regressaram quase todas do típico passeio dominical, tenha ele sido à praia, ao centro comercial da moda ou simplesmente a vaguear de carro pelas estradas a uma velocidade que se assemelha com a de uma “charrette”.
De uma velha casa térrea, com a pintura de cal a cair aos bocados, ouve-se o ranger de uma porta já gasta a abrir-se, também ela com a pintura estragada. Por ela sai uma mulher, meio anafada, cabelo encaracolado desarrumado, saia mal apertada e uma velha blusa de alças esbranquiçada. Anda cerca de 50 metros e ouve-se a mesma porta a ranger novamente, enquanto se abre.


Um homem de meia-idade, cabelo grisalho a rodear as entradas de uma ligeira falta de cabelo, vem assomar-se à porta com o seu robe em xadrez príncipe de Gales de tom bordeaux, pantufa creme e fio de ouro em volta do pescoço. E solta um grito estridente que ecoa por todo o bairro:
- OH ESTÚPIDA!!!!

A reacção dela é imediata e ainda nem se tinha virado completamente e já a resposta viajava de volta, com o mesmo nível de decibéis:
- QUE QUERES, PARVALHÃO?
- Esqueceste-te da carteira, minha rameira!, respondeu o homem, agora já num tom mais baixo, reparando que ela o ouvia perfeitamente.

Ela volta atrás, recebe a carteira das mãos dele e dão um prolongado beijo.
- Não te esqueças da hora do jantar!, diz ele a fitá-la nos olhos e com um sorriso matreiro.

E ela arranca sem mais, para lhe procurar cigarros e as cervejas da marca que ele tanto gosta.
Enquanto isso, ele fica em casa a preparar o prato preferida dela para o jantar.






referer referrer referers referrers http_referer