terça-feira, agosto 26, 2008

Os caminhos turtuosos da ausencia de assunto


Pode-se dizer que Rosivaldo Felismino era uma criança feliz, muito introvertida, bastante sossegada que não dava trabalho nenhum e raramente se dava por ele. Mas tinha um grande problema: era hiper-nervoso.

E esse pequeno problema acentuava-se cada vez que tentava aproximar-se de uma rapariga por quem sentisse um carinho especial (ou por quem estivesse simplesmente embasbacado). Rosivaldo não sabia explicar, nem fazia ideia o que se passava com ele nessas alturas. Mas de um momento para o outro começava a ter suores frios, as mãos e os joelhos tremiam como varas verdes no meio de uma tempestade tropical de grau elevado, a pele empalidecia, Rosivaldo parecia que se aprestava para desfalecer a qualquer momento e o estômago começava às voltas ao ponto de lhe dar náuseas.

Francelina Orlandina era a razão das suas acelerações cardíacas e bruscas travagens digestivas, e ela já se tinha dado conta de algo estranho naquele rapaz que tanto olhava para ela, ora com um sorriso tímido ora com cara de agonia.

Um dia, já algo farta daquele mirone que a começava a dar nervos também a ela (mas outro tipo de nervos), chegou-se perto dele e perguntou-lhe se havia algum problema.

O pobre coitado já não bastava tremer das mãos e dos joelhos, começava agora também a tremer dos sobrolhos, da testa, do queixo... todo ele tremia. Mas naquele momento de verdade, onde os homens se fazem Homens e os restantes se fazem miseráveis ratos para o resto da vida, Rosivaldo encheu-se de coragem e num momento brilhante daqueles em que tudo à volta se apaga e apenas se acende um foco de luz sobre eles os dois, Rosivaldo abre o coração, entrega o peito às balas e exclama alto e em bom som, com um sorriso estampado na face:


- Dás-me vómitos.




quarta-feira, agosto 20, 2008

Se não escrevesse isto aqui, este post ficaria sem título

Um dia vais lembrar-te de mim e de quando decidiste afastar-me da tua vida... vais finalmente aperceber-te que foi a melhor coisa que alguma vez poderias ter feito.


Só podia meter aqui uma musica destas. Os magníficos e eternamente magníficos K's Choice, que ainda desejo que voltem a tocar juntos e de volta aos concertos em Portugal. Provavelmente, como todas as outras coisas boas que se desejam, não voltará a acontecer, mas enquanto se sonha sempre se vai adiando as desilusões.
Shadowman...




Any time tomorrow I will lie and say I'm fine
I'll say yes when I mean no
And any time tomorrow
The sun will cease to shine
There's a shadowman who told me so
Any time tomorrow the rain will play a part
Of a play I used to know
Like no other
Used to know it all by heart
But a shadowman inside has let it go

Oh no, let go of my hand
Oh no, not now I'm down, my friend
You came to me anew
Or was it me who came to you
Shadowman

Any time tomorrow a part of me will die
And a new one will be born
Any time tomorrow
I'll get sick of asking why
Sick of all the darkness I have worn
Any time tomorrow
I will try to do what's right
Making sense of all I can
Any time tomorrow
I'll pretend to see the light
I just might
Shadowman
Oh here's the sun again
Isn't it appealing to recline
Get blinded and to go into the light again
Doesn't it make you sad
To see so much love denied
See nothing but a shadowman inside

Oh no, let go of my hand
Oh no, not now I'm down, my friend
You came to me anew
Or was it me who came to you
Shadowman

Oh, if you're coming down to rescue me
Now would be perfect
Please, if you're coming down to rescue me
Now would be perfect

(Shadowman, K's Choice)

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terça-feira, agosto 05, 2008

Filosofias baratas - a saga continua... ou não tem fim


Mais uma verdade absoluta que tenho de ser eu a revelar ao mundo... então aqui vai, porque não quero que fiquem na ignorância:

O suor é a prova cabal de que o calor não é apenas psicológico, como o frio.




segunda-feira, agosto 04, 2008

...ou ficar parado?


Segue caminho

Nas brumas de um quarto isolado
Revoltado e sem outra volta a dar
Jaz, só, um corpo deitado
Que adormece e não se deixa amar

Quis assim que fosse, o destino,
Na constante luta que trava com a mente,
Pedir para o corpo um novo inquilino
A cada vez que de amor fica doente.

Segue caminho, sem rumo, perdido
Carregando às costas a sua bagagem,
Nas fronteiras dos desamores fica retido
E só a muito custo segue viagem.

Deixa-se levar apenas com um olhar,
Esse pequeno pedaço de paraíso,
E no fogo da paixão deixa-se queimar
Morre lentamente, mas com um sorriso.

E no fim não há uma palavra que defina
Um amor que nunca chega a viver,
Chega apenas a um ponto em que termina
A eterna tragédia que ele tinha de ser.

........................Nelson Gonçalves (28/7/2008)






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