terça-feira, maio 26, 2009

Saudades... também é coisa que me dá



Zénite

Um dia chegarás, com uma flor no cabelo,
olhos brilhantes de diamante em brasa
nesse corpo de deusa que arrasa,
armada de um simples sorriso, mas singelo.

E eu, eterno reles egoísta,
chorarei as lágrimas do ciúme,
gritarei ao espelho os insultos do costume
e fechar-me-ei como se fosse autista.

Chorarei a tinta das palavras que te escrevi,
todos as frases que não te dei a ler,
as declarações de amor que não chegaste a ver…
e ruirão todas as letras que te construí.

E numa dessas lágrimas há-de nascer
o mais pequeno arco-íris de que há memória,
rasgando as paginas brancas da história
da paixão que jamais poderia prevalecer.


...........................Nelson Gonçalves (26/05/2009)




segunda-feira, maio 25, 2009

"des-simplificando"



Há uma família de palavras de que gosto muito: “sub-reptício”.
Pena que raramente a use numa frase, apesar de recorrer ao seu significado vezes sem conta. É coisa de feitio…

Das poucas vezes que a tento usar no meio de uma frase, por norma a língua atrapalha-se, enleia-se e as sílabas têm tendência para trocar de lugar umas com as outras, por isso escolho uma maneira airosa – chamemos-lhe maneira sub-reptícia – de dar a volta à frase para não ter de empregar tal palavra e assim evitar o embaraço de tropeçar em duas sílabas.

Outra coisa brilhante desta palavra – ou neste caso do uso do seu significado – é a maneira com que se faz combinar para dar um outro significado mais pungente. E neste caso é fácil dar um pequeno exemplo completamente demonstrativo daquilo que quero dizer: sub-reptício combinado com o meu nome dá o lindo resultado de “incompreendido”, se é que me faço entender…




sexta-feira, maio 22, 2009

Queimar os fusiveis finais

Bem, desta deve ser de vez.

Se não me voltarem a ver durante uns bons tempos - digamos qualquer coisa como meses, anos décadas... quem sabe até semanas - é fácil de explicar porquê.

Estou viciado. Sou oficialmente um viciado. E pior é que é com uma coisa ainda pior que a droga (segundo consta, porque não sei o que é isso de ser tóxico-dependente, mas vejo filmes) ou o sexo (isso então é que não sei mesmo o que é, nem com os filmes...).

Fui introduzido esta noite a uma coisa mais poderosa e maquiavelica do que os mencionados no paragrafo anterior. E aqui passei as ultimas horas - com um pequeno intervalo para ver o episódio do Fringe, na TV2, mas a sentir já o efeito da ressaca a trespassar-me a pele - e debater-me com o que poderia estar mal, onde poderia estar a calcular errado e o que me poderia estar a iludir os olhos. A estudar maneiras de dar a volta à situação, à procura de pontos de referencia que me facilitassem as decisões.

E agora, já depois de ter passado a meia-noite, lá consegui finalmente um pequeno descanso para vir aqui e vangloriar-me um pouco.

A razão deste texto tão comprido e sem aparente interesse nenhum?
Neste link, meus amigos (link, meus amigos).

Uma série de testes de precisão, com a correspondente média de acerto. O resultado final convém ser o mais baixo possível.

E deixo também a minha melhor pontuação até ao momento.


Parallelogram 4.5 4.1 1.4
Midpoint 0.0 1.0 3.2
Bisect angle 3.1 2.9 0.5
Triangle center 6.6 8.1 0.6
Circle center 1.0 2.2 3.2
Right angle 5.1 2.7 2.7
Convergence 2.2 2.2 3.6

Average error: 2.90 (lower is better)




quarta-feira, maio 20, 2009

À falta de melhor (e também "há falta de melhor") é o que se arranja

Existem inúmeras maneiras de acabar uma relação.
Pode chegar a extremos de se deixarem pura e simplesmente de falar, mudar de telefone, casa, cidade ou mesmo fuso horário, só para não ter de se dar de caras com a ex-pessoa amada (o ex-pessoa não é propriamente erro, por vezes é considerado verdade, vendo pela perspectiva de quem quer deixar).

Outra vezes as coisas apenas arrefecem de parte a parte e as relações acabam por esmorecer naturalmente.

Há ainda a situação de uma das pessoas simplesmente já não estar para aí virada, mas tem a decência de dizê-lo na cara da “metade que deixou de ser a sua cara”. E aqui as abordagens são bastantes, desde o dizer directamente e sem rodeios, deixar uma simples mensagem de voz no telemóvel ou combinar uma longa conversa em que o silencio acaba por imperar no fim (aquele tipo de silencio que transtorna uma sala inteira, se for preciso) e que por norma leva a que essas duas pessoas fiquem algum tempo, por vezes meses, sem conseguir dizer uma palavra à outra e cada vez que se cruzam apenas conseguem encolher os ombros, fazer um ligeiro beiço e franzir uma das sobrancelhas.
Nesta categoria encontram-se frases que são lendárias: vai dar banho ao cão; odeio-te mais que aos meus pais; um enternecedor se fossemos os dois últimos humanos na Terra, preferia acasalar com as baratas; ou, aquela com a qual estou mais que familiarizado, desculpa, só te vejo como um amigo.
Há também uma que ficou celebre no cinema mas que nunca tive a (in)felicidade de ver ser disparada na minha direcção. Trata-se do famigerado o problema não és tu, sou eu.

Imaginando um casal de namorados hipersensível (para não dizer mariquinhas), mas ao qual a chama apagou-se e ela agora prefere fazer turnos duplos com o gajo que trabalha no matadouro lá da aldeia.
Ela, sendo hipersensível e sabendo que ele também é hipersensível, temendo a dor que lhe vai causar fica tão nervosa que engana-se na frase… qual teria sido a reacção dele?

“O problema não sou eu, és tu….”





domingo, maio 17, 2009

Entre "ver o que não quero" e "não ver o que quero"... a decisão só podia ser ir embora

Sou fraco… e difícil de entender. Fecho-me em copas e as falas que estão guardadas para mim muitas vezes parecem desprovidas de senso. Puro engano, são todas pensadas vezes sem conta, até ao ínfimo pormenor, por isso algumas até já sejam ditas fora da janela de oportunidade que tinham para fazer accionar o interesse de alguém… mesmo aquelas frases que me desmascaram e deixam-te ainda mais de pé atrás, a pensar como pode haver alguém que diga tais barbaridades …

E desengana-te se vês em mim alguém com estofo de super-heroi. Não tenho quaisquer super-poderes e a única coisa que se pode confundir com isso é esta vontade irracional de tentar fazer-te sorrir a toda a hora, de tentar que notes na minha presença a qualquer instante. Que saibas que respiro. E que é insuportável cada momento em que passas por mim e preferes fingir que não estou lá… a olhar para ti, a admirar-te a ti e ao espaço que ocupas com tanta certeza de que tudo faz sentido.


No meio desta tragédia que é a minha existência apenas peço - em súplica, com o desespero a roer-me as unhas e o acido que me corre nas veias a corroer-me por dentro - é que me tires deste eterno acidente onde a principal vítima acaba por ser sempre eu.

Repara que, pelo simples facto de teres aparecido na minha vida, transformaste-me num ser que tenta passar por altivo no bom sentido, a tentar mostrar dignidade, irreverência e uma auto-estima que, apesar de falsa e inexistente, foi-me colada por mim próprio com o intuito de que tomes consciência da minha presença.

Por isso peço-te que me tires deste eterno acidente que criaste. Salva-me deste ser que não sou e deixa-me ser novamente a pessoa que ninguém faz questão de conhecer, que ninguém dá pela sua existência, o ser retraído que a mais não pode almejar que não seja o olhar empedernido e acusador das pessoas que passam perto…

Salva-me deste acidente… desaparece de vez do meu horizonte, estou farto de sonhar sobre nós… “nós”, essa impossibilidade elevada ao expoente máximo da incoerência, que ultrapassa os limites da razão.




quarta-feira, maio 13, 2009

...dias


Desta vez não vou estar com insinuações, nem com metáforas.
Vou directo ao assunto...
Não porque queira que me deixem mensagens, ou para lembrá-los do que quer que seja. Venho apenas marcar a data em si. Porque supostamente deveria ser uma data importante para mim, supostamente de felicidade.
O tal dia feliz…

Pois devo então dizer que não ando feliz nem triste… está tudo na mesma, como se os segundos não fossem mais que umas aguas estagnadas cuja única finalidade parece ser criar lodo, trazer ao mundo insectos e quiçá uma ou outra doença menor…
No fim de contas é fácil constatar que nada mudou. Continuo apenas o habitual e cada vez mais velho eu, aquele mesmo que sempre se pôde ler por aqui, aos retalhos por entre os textos fictícios que ia escrevendo. A pessoa avessa aos erros, mas tão perfeccionista que os vai cometendo, uns atrás dos outros, uns piores que os outros. E com o tempo esses erros vão-se acumulando e vão ganhando dimensão, uma dimensão cada vez maior, erros cada vez mais relevantes e preocupantes… até que o sinal de aviso se torna impossível de ignorar.
Terá sido o que aconteceu…talvez. Pelo menos o sinal de aviso foi claro e marcante. Ignorá-lo só iria aumentar a placa que me aparece na testa, quando me olho ao espelho e leio a palavra “ignóbil”… resta-me o tempo para saber se aprendi a lição… esta lição em particular, que nada tem a ver com todas as outras que já em tempos escrevi aqui e que não aprendi.
Mas só o tempo o dirá.

De início escrevi que ia directo ao assunto… pois então, finalmente, aqui fica: hoje são precisamente 11688…






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