quarta-feira, março 28, 2007

Espaço em "branco"



Cobertor de terra

"Percebes agora porque fiquei louco?
Ao dizer que te amava soava-me a pouco*.
Percebes que a chama em mim se apagou
pelas águas de um choro que de ti brotou?"

O ultimo amor na Terra assim terminava.
Nunca o sol viu o brilho que de ti emanava.
Nem a beleza das tuas asas - qual Pégasu puro -
se poderiam admirar nas aves do futuro.

Ninguem notou. Nem tu, nem eles, nem eu,
o instante em que a morte caiu do céu.
Foi como o absurdo som em que te calas.
E eu, feito vida, ofereci o peito às balas.

Pobre mensageiro que da sua dor morre,
transforma-se no louco que apenas se socorre
de infinitos momentos que são sempre escassos.
Caí no chão e perdi-me em mil pedaços.

Abraço o cobertor de terra sobre mim.
Dou-me ao descanso do desejado eterno fim,
quiçá perder a necessidade de te sentir*
(* - até aqui dou-me ao luxo de te mentir).

......................Nelson Gonçalves (28/03/2007)




terça-feira, março 20, 2007

Sentado à beira de um rio revoltoso onde me deixo naufragar

Secaste-me por dentro, quando me levaste as ultimas ventanias frias de um Inverno que nunca quis, nem nunca desejei. Os bancos de jardim onde adormecia, ao relento enquanto esperava por ti, sussurravam-me ao ouvido os gemidos de dor que alastravam pelas arvores e saíam a voar por entre as folhas que caíam uma vez mais, apesar de uma estação de atraso – no ano seguinte voltariam a cair uma outra vez atrasadas, se não ardessem na fogueira das vaidades de um qualquer Verão perdido no tempo.
Levaste-me as ultimas ventanias frias... as que me davam o arrepio na pele, de alto a baixo desta minha alma de delinquente frustrado de corações. No entanto ainda estou em divida contigo. Devo-te as chuvas que recusei a verter neste Inverno. Não as chorei, apesar de todas as nuvens negras que juntei durante a minha luta desesperada e inglória por vencer-te... não, vencer-te, não. Mas ganhar-te, conquistar-te a ti e tudo o que significarias para mim, no caso de ter entrado nessa guerra contra mim próprio.
A luz acaba por se apagar, eventualmente, sem que eu faça alguma coisa por isso.
Lá fora, num outro Universo paralelo, a Primavera tenta mostrar um novo sorriso e pintar uma nova tela com cores mais vivas. Roubaste-me as ultimas ventanias frias de Inverno, mas não me trouxeste as brisas amenas da Primavera e deixaste-me no limbo das incertezas que se querem esquecidas.
Um dia o Verão há de chegar, eu sei... mesmo que não volte a existir qualquer Primavera. E trará consigo as brisas quentes de que te falei e de que te sonhei, as brisas quentes de que sinto falta. E nessa altura nem tu nem ninguem me conseguirá sonegá-las. Saberei que não me desviei dos meus propósitos e chegará o dia em que gritarei bem alto “Sobrevivi! Ainda estou vivo!”... só para que ninguém me oiça.




quinta-feira, março 15, 2007

The box inside the box inside the box inside the box inside the box


Por vezes dou por mim a pensar para com os meus botões, a remexer nas areias movediças da memória. Às voltas com a caixinha das surpresas agradáveis. Dentro dessa encontra-se uma outra mais pequena, a caixa das surpresas agradáveis que por alguma razão me deram desgostos. É lá, nessa caixa dentro da caixinha das surpresas agradaveis, que guarda a memória de todas a raparigas por quem me apaixonei. O que me leva a voltar a remexer nessa caixa? De tempos a tempos é apenas com o intuito de meter lá a memória de mais alguem que me tocou de forma mais especial... outras vezes é apenas para me lembrar que há pessoas capazes de me tocar de maneira especial, mesmo que seja sem intenção.
É nessa caixa que guardo as memórias de quem me fez comprar a primeira máquina fotográfica, há quinze anos atrás, mais coisa menos coisa, só para lhe tirar uma fotografia e poder guardá-la (por falar nisso, essa foto já só existe na minha memória, mesmo). Ou a memória da pessoa para quem começei realmente a escrever. Ou a memória de quem me deu tempo e que me aturou, mesmo que durante apenas alguns meses. Também a memória de quem me fazia cancelar qualquer coisa, nem que fosse apenas para lhe fazer um pequeno e simples favor. No fundo, as memórias de todas a paixões arrebatadoras que tive. Uma ou outra paixoneta, também – lembro-me de quase todas as que tive até à adolescencia.
Ao lado dessa caixa, dentro da caixinha das surpresas agradáveis, invariavelmente fica a fonte dos sonhos. De tempos a tempos corre com toda a força e os seus jactos de água não são como os de uma fonte qualquer, não. Estes são imprevisiveis, formam figuras, desenham imagens e feições e são de todas as cores, como se querem os sonhos.
Hoje em dia essa fonte está quase seca, a água quase que não corre e não tem força para qualquer jacto de água, e a unica cor que conhece é o cinzento.




quarta-feira, março 14, 2007

Se bem me lembro...

Se este blog fosse mudando de nome consoante o passar do tempo, então a partir de hoje passava de "8ito ou 8itenta e Um" para "8ito ou 8itenta e Dois".
Faz hoje dois anos que abri as portas deste barraco e comecei a disparatar prosas, poesias e outras parvoices tais, num total de mais de quatrocentos. Hoje em dia está meio moribundo, quase em estado vegetativo.... quase como eu.
Como o tempo passa. No entanto, a crise "pseudo-criativa" continua.
Siga para bingo.





segunda-feira, março 12, 2007

Era para escrever qualquer coisa aqui, hoje. A falta de tempo, algumas chatices e uma gritante falta de inspiração têm me impedido de o fazer...




segunda-feira, março 05, 2007

Namoro...? "Namero"...?? Número!!!!

Altura de mudanças, umas mais radicais que outras. É o fim das férias forçadas, depois de quase 8 meses, que a isso obriga. Passar a ter uma vida mais saudável, em principio. Menos tempo para mim, mas também nunca soube dar a importancia devida a esse tempo. No fundo trata-se de um regresso aos números, em detrimento das letras. Sempre tive muito jeito para números, dificilmente me falharam, em toda a sua lógica. As letras podem ganhar muitos significados, mas isso tanto pode ser bom como pode ser muito mau, pelos enganos e desentendimentos que podem proporcionar. Os números... já lhes tinha saudades. As letras cá estarão, umas vezes mais que outras.
Talvez seja também altura de aproveitar que começo a trabalhar numa área para a qual até nem tenho grande preparação (para além de alguma facilidade em “brincar” com números) para operar outra alteração na minha vida. Alteração essa que talvez já devesse ter acontecido há uns anos atrás – se eu tivesse abertos os olhos mais cedo. Vai sendo altura de deixar de me apaixonar por pessoas e tentar apaixonar-me por trabalho... dificilmente os resultados poderão ser piores. Visto que a “vida amorosa” (como lhe chamam os horoscopos) é o deserto e as contradições que eu bem sei, a vida laboral sempre pode vir a servir de consolo.
Venham a mim os números.






referer referrer referers referrers http_referer