quarta-feira, março 17, 2010

Clear sky spotting




Pareceu interminável praga, o mais longo inverno de que há memoria. O mais cinzento, sombrio e chuvoso inverno das últimas décadas. Qual castigo decretado por uma qualquer entidade divina, querendo acompanhar as idiossincrasias despoletadas em mim pelos eventos que coincidiram com o inicio desta estação... nem a propósito.

Como se não houvesse volta a dar (e será que há?) o céu vestiu-se de luto e decidiu-se a despejar, durante meses a fio, uma enxurrada de lágrimas facilmente confundidas com chuva. O próprio planeta quis acompanhar a angústia e estremeceu, vezes sem conta tal como eu, de cada vez que a minha memória te trazia de volta, por breves segundos… e todo eu estremeço. E todo um vendaval de emoções me extravasa, me revolta, em sucessivas derrocadas que me esgotam as forças… e a exaustão da luta quase me faz desistir.

E é nestes pequenos momentos, em que penso que nunca te voltarei a ver, que tenho de dizer a mim mesmo que já passou o inverno. Nessa altura pego no caos despedaçado que é este reles fraco coração e sento-me pacientemente à espera. Na esperança que a chuva pare e que o cinzento desvaneça. Na ânsia do sol ainda brilhar.

E - de sorriso plantado na face e renascida esperança semeada no peito - no perfeito azul do céu limpo escreverei teu nome em letras de algodão-doce, para me lembrar que o inverno não tem de durar para sempre.




terça-feira, março 09, 2010

Minha religião, minha biblia




Sem saber que mais fazer com este espaço… é demasiado espaço, demasiado amplo... demasiadas paginas em branco que não tem como as preencher... e que já não tem como as preencher.
Durante muito tempo dedicou-as a alguém, alguem especial que servia de inspiração. Passou tempos infindáveis a admirá-la, eternidades que agora se confundem com breves momentos em que se perdia a olhar para ela como se fosse um devoto a ler a sua bíblia sagrada. A tentar desvendar-lhe cada pensamento como se fossem passagens de testamentos religiosos ou bulas papais… e, no fervor que lhe esquentava o sangue, a decorar-lhe as alucinantes curvas daquele esbelto corpo como se fossem pactos com o diabo, no reverso da bíblia que em si lia.


A cada olhar dela era como se as suas preces fossem ouvidas, cada palavra que saía da boca dela em sua direcção era um novo mandamento que servia de modelo à sua conduta… e ainda foram bastantes os mandamentos que reescreveram.


Agora este espaço ficou entregue ao vazio de um oblívio intermitente… mas a fé, essa continua inabalável e o seu fiel seguidor aqui está, crente como sempre. Com mais ou menos dificuldade, com mais ou menos saudade, mas alimentando a sua paixão através de todos os detalhes em seu redor que lhe fazem lembrar da sua fascinação… apenas memorias, como se fossem breves citações da sua única bíblia.




quarta-feira, março 03, 2010

Uma das razões

Acabei de dar conta de uma das razões para haver tão poucas entradas de texto neste blog, nos últimos tempos. A juntar à tal falta de inspiração e/ou musa, dei-me conta de que muitas das entradas parvas (fossem apenas desabafos ou apenas as típicas piadas secas de quem não tem sentido de ridículo) têm ido parar invariavelmente à minha conta do Facebook. É verdade, faltava ali o link para a conta do Facebook, e não deixa de ser estranho, visto que estão os links para o Orkut, Hi5 e Twitter, que são contas que praticamente não dou uso e raramente paro por lá.




Estranho, no mínimo... ou apenas anormalmente previsível, vindo de mim.






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