terça-feira, junho 22, 2010

Antemanhã adentro

A imagem não é propriamente como pretendido, mas... é excelente.



Cinco horas da manhã. O céu está limpo, como seria de esperar numa noite de fim de Junho, mas uma leve aragem fria percorre a espinha, apresentando-se como uma ameaça impensável de que o Verão se tivesse esquecido desta parte do Universo e o Outono se lhe antecipava sem pensar duas vezes. Uma noite que deveria fazer lembrar que o Verão no Algarve costumava começar em Abril ou Maio mas que este ano decidiu adiar-se por tempo ainda indeterminado.

Se noutros tempos o ambiente temulento e contagiante de uma noite mais desvairada emprestaria uma sensação flutuante aos passeios das ruas velhas da cidade, nos tempos que agora correm - e depois de aprender com erros do passado, mas ainda bem presentes na memória - as pernas pesam de um cansaço que as duas últimas horas de refrigerantes e aguas impediram de camuflar e os passos lentos lembram o arrastar de toneladas de pensamentos.

As ruas encontram-se quase desertas. Aqui e ali um ou outro grupo mais alegre - ou mais destruído pelas forças de Baco - vão fazendo algum barulho no seu périplo até suas casas. Junto à doca, os bancos de jardim desertos aparecem iluminados pelo meu nome, enquanto vou esgrimindo razões que não o são, para decidir que rumo tomar. Por entre os barcos nota-se o imperfeito espelho das águas da ria, ligeiramente tremulas devido à fria aragem que me colhe pelas costas.

O que impede neste momento, em que me encontro só e sentado num banco de jardim em plena madrugada, de que apareça um qualquer marginal de lâmina justiceira na mão a reivindicar uma qualquer moeda que tenha ficado esquecida no fundo dos meus bolsos…? Nada. Tal como todas as circunstancias e coincidências que fazem com que tudo aconteça. Tanto pode acontecer como pode não acontecer. Da mesma forma que a minha reacção depende das escolhas que faça nesse instante. A guerra interna entre dar-lhe as moedas ou preferir arriscar um golpe cujas consequências futuras sabem-se lá quais são…

Da mesma forma que pode aparecer um qualquer gang à procura de telemóveis. Dando os telemóveis, seria isso impedimento para que partissem para a agressão, deixando-me sabe-se lá em que estado…

Mas as coincidências têm que forçosamente ser sempre más. Porque, por determinação da posição dos astros ou o que quer que seja que comando os cordelinhos das coincidências, pode até dar-se o caso de passar uma mulher linda, daquelas que pensamos em levar a apresentar à família no dia seguinte.
E nesse instante as opção são várias – e nisso não há conjugação de planetas que tenha voto na matéria – desde simplesmente fazer de conta que não se viu ou dizer-lhe um “boa noite” que a levasse - por capricho divino ou capricho feminino, que vai dar precisamente ao mesmo - a sentar-se ao meu lado no banco, com um sorriso, enquanto em mim dispara alucinante e a uma velocidade exponencial a ânsia de lhe ouvir a voz.

“São 45 euros, jeitoso.”

…bem fiz eu ao não sair sequer de casa.




segunda-feira, junho 07, 2010

(not) Bucket list





Há palavras que têm pouca utilização, seja porque são mais complicadas de escrever e de pronunciar, seja porque as pessoas não têm bem a certeza do seu significado apesar de as terem ouvido 2 ou 3 vezes na vida, ou mesmo porque simplesmente nunca se atravessaram com tal conjunto de letras ou som uma única vez.

Já há algum tempo que ando a pensar que algumas dessas palavras deveriam ser usadas mais amiúde, mesmo que para tal fosse necessário dar-lhes um significado mais amplo ou mesmo mais adequado à sua sonoridade.

A palavra que me deixou a pensar nisto é um caso evidente daquilo que afirmo.
É escusado dizer que não escrevo isto em vão, inutilmente… debalde. Esta é uma palavra que, se fosse revisto o seu significado, ficaria indubitavelmente a ganhar e passaria a constar habitualmente nas conversas diárias.
E exemplos disso é coisa que não falta.

Exemplo 1.
- o réu diz-se inocente e que foi acidentalmente que feriu a vitima. Diga-nos, então, o que usou para efectuar os 45 golpes com que acidentalmente feriu a vitima nas costas? Foi um canivete? Uma faca de cozinha?
- foi debalde.


Exemplo 2.
- você trabalha nas obras? Mas a fazer precisamente o quê? É daqueles que estão sempre em cima dos andaimes?
- ...debalde!


Exemplo 3.
- foste à Madeira? Que porreiro, pah. Mas foste de avião ou de barco?
- debalde.


Exemplo 4.
- queres um gelado de cone ou de copo?
- debalde.


Exemplo 5.
- uma cerveja, ó taberneiro.
- de copo ou garrafa?
- debalde.




quarta-feira, junho 02, 2010

Passagens de livros que nunca escreverei [I]

(algumas frases soltas que se iam perdendo por entre a multidão de acontecimentos do facebook)


You keep calling me fool but you seem to forget that love is for fools.

(...)

The day will come when you'll realise that this thing you call world is nothing but a small kindergarden, and you'll look around just to find that you've pushed away all the other kids... that's when you'll start crying: when you notice that you're left alone with no one to play.

(...)


Once trying to get noticed, If you try too hard you make a fool of yourself, if you don't try hard enough no one even sees you.

(...)


...eu sou um pseudo-intelectualoide com alguma sensibilidade, e os pseudo-intelectualoides não têm musculos, têm a vida sexual de uma estátua e servem para baixar os preços de bilhetes em grupo!

(...)


Tenho pouca tolerancia a quem demonstra alegremente a sua hipocrisia usando a palavra "liberdade", sem conseguir perceber a diferença entre democracia e anarquia...


(...)


Try making a second in your life to be worth of a lifetime and you'll see how my purpose in life isn't that easy to achieve.


(...)


I'm really fast at reading the signs, the thing is I spend the rest of the time convincing myself that it's just my imagination.


(...)


Men are prone to screw things up. And from that point of view, baby, I'm as manly as you'll ever find.


(...)


Estava quase a bater no fundo, mas ele antecipou-se e bateu-me em mim!


(...)


A woman in her forties was arrested by authorities while under the influence of Spur Cola and with an Alf hair cut. Next morning she was presented to the court of law and was accused of living in the 80's.


(...)


Life always looks so interesting when I'm not a part of it.


(...)


Em casa onde toda a gente grita, há de haver muita gente aflita.


(...)


Este mundo está feito para os porcos, feios e maus... e eu infelizmente só tenho uma dessas qualidades...






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