Espaço em "branco"
Cobertor de terra
"Percebes agora porque fiquei louco?
Ao dizer que te amava soava-me a pouco*.
Percebes que a chama em mim se apagou
pelas águas de um choro que de ti brotou?"
O ultimo amor na Terra assim terminava.
Nunca o sol viu o brilho que de ti emanava.
Nem a beleza das tuas asas - qual Pégasu puro -
se poderiam admirar nas aves do futuro.
Ninguem notou. Nem tu, nem eles, nem eu,
o instante em que a morte caiu do céu.
Foi como o absurdo som em que te calas.
E eu, feito vida, ofereci o peito às balas.
Pobre mensageiro que da sua dor morre,
transforma-se no louco que apenas se socorre
de infinitos momentos que são sempre escassos.
Caí no chão e perdi-me em mil pedaços.
Abraço o cobertor de terra sobre mim.
Dou-me ao descanso do desejado eterno fim,
quiçá perder a necessidade de te sentir*
(* - até aqui dou-me ao luxo de te mentir).
......................Nelson Gonçalves (28/03/2007)