quinta-feira, dezembro 27, 2007

Pó ano há de haver mais, quem sabe...


Está a chegar o tal dia que marca a fronteira entre um ano e outro. Há quem faça balanços e relatórios do que se passou. Já fiz uma espécie disso, no ano passado. Este ano não o faço.
É também a altura das festividades, com Natal e a própria festa de passagem de ano. O Natal correu dentro da normalidade… acabou mesmo por ser melhorzinho do que aquilo que eu previa, mas parece ser mesmo esse o truque: não elevar demasiado a fasquia, não ter grandes perspectivas, porque pode ser que uma ou outra coisa acabe por nos surpreender pela positiva.
O mesmo se passa com a passagem de ano. As perspectivas não são muito elevadas, antes pelo contrário. Assim, ou as coisas correm como prevemos e não somos invadidos por qualquer sensação de desilusão ou então as coisas até podem correr bem e acabamos por entrar num novo ano sem a sensação de que será mais tempo perdido.

Aqui fica uma música alusiva ao ano que está a findar.
Bad day de Daniel Powter, com a respectiva letra, no botãozinho do play.

Daniel Powter - Ba...


Where is the moment we needed the most
You kick up the leaves and the magic is lost
They tell me your blue skies fade to gray
They tell me your passion's gone away
And I don't need no carryin' on

You stand in the line just to hit a new low
You're faking a smile with the coffee you go
You tell me your life's been way off line
You're falling to pieces every time
And I don't need no carryin' on

Because you had a bad day
You're taking one down
You sing a sad song just to turn it around
You say you don't know
You tell me don't lie
You work at a smile and you go for a ride
You had a bad day
The camera don't lie
You're coming back down and you really don't mind
You had a bad day
You had a bad day

Will you need a blue sky holiday?
The point is they laugh at what you say
And I don't need no carryin' on

You had a bad day
You're taking one down
You sing a sad song just to turn it around
You say you don't know
You tell me don't lie
You work at a smile and you go for a ride
You had a bad day
The camera don't lie
You're coming back down and you really don't mind
You had a bad day

(Oooh.. a holiday..)

Sometimes the system goes on the blink
And the whole thing turns out wrong
You might not make it back and you know
That you could be well oh that strong
And I'm not wrong

(yeah...)

So where is the passion when you need it the most
Oh you and I
You kick up the leaves and the magic is lost

Cause you had a bad day
You're taking one down
You sing a sad song just to turn it around
You say you don't know
You tell me don't lie
You work at a smile and you go for a ride
You had a bad day
You've seen what you like
And how does it feel for one more time
You had a bad day
You had a bad day

(Bad day, Daniel Powter)




sexta-feira, dezembro 21, 2007

Don't bother trying to fix it...
it's broken by nature

O brilhante titulo que o autor deu a esta brilhante fotografia é:
"You don't die of a broken heart,
you only wish you did"

Não sobrevalorizes tanto o meu daltonismo, quando afinal tenho muitos mais e maiores defeitos.
Sim, sou daltónico. Mas também sou aracnofobico e como com os talheres trocados. Tenho muito jeito para números mas ainda tenho algumas dificuldades em conviver e pensar no valor das coisas em euros, sem pensar em escudos. Também tenho falta de vista, mas esperemos que pelo menos esse dure apenas mais dois ou três meses.
Sim, sou daltónico. Mas também não suporto comidas com molhos de tomate, nem maioneses, patés e muitos outros molhos. Aliás, se fôssemos a ver os chamados defeitos alimentares ficaríamos aqui muito tempo e se passássemos ao nível físico então teríamos uma lista interminável.

Sim, sou daltónico. Mas não vejo tudo a preto e branco… e sim, consigo distinguir as cores num semáforo.
Sim, sou daltónico… de que cor é essa blusa que tens vestida?
Não me faças isso, que sabes que me perco, que fico a imaginar no que está por baixo, nesse corpo maravilhoso que a natureza te deu. Afinal não passo de um mero humano repleto de defeitos, e a atracção que sinto por ti leva-me a parecer um tresloucado.

…o teu maior defeito?
Seres assim tão bela. Tão bela que me leva sempre a fazer um esforço para acertar as cores que me perguntas. Mesmo sabendo que a recompensa por uma resposta certa não é mais que um sorriso teu, um despir-te com os olhos e beijar-te na imaginação.




quinta-feira, dezembro 13, 2007

Sim, venho "cá" de tempos a tempos

Para quem diz que ando sempre num mundo à parte, aproveito para dizer que passei por "cá", pelo “vosso” mundo. Hoje que foi assinado um tal de Tratado de Lisboa. Esta semana em que faz anos que o Titanic se afundou (12 de Dezembro – não, não vou meter nenhuma musica da Celine Dion aqui).
Esta semana, no sábado passado, passou também um dia que foi muito marcante na vida de uma das autoras que mais me influenciou até hoje.
A 8 de Dezembro de 1894 nasceu. No mesmo dia, mas de 1913, casou pela primeira de três vezes. No mesmo dia, mas de 1930, punha fim à sua própria vida a maior poetisa portuguesa de todos os tempos. Aqui deixo uma singela homenagem.

Florbela Espanca
(08/12/1894 - 08/12/1930)


Vaidade

Sonho que sou a Poetisa eleita,
Aquela que diz tudo e tudo sabe,
Que tem a inspiração pura e perfeita,
Que reúne num verso a imensidade!

Sonho que um verso meu tem claridade
Para encher o mundo! E que deleita
Mesmo aqueles que morrem de saudade!
Mesmo os de alma profunda e insatisfeita!

Sonho que sou Alguém cá neste mundo...
Aquela de saber vasto e profundo,
Aos pés de quem a Terra anda curvada!

E quando mais no céu eu vou sonhando,
E quando mais no alto ando voando,
Acordo do meu sonho... E não sou nada!...

(Florbela Espanca)




quarta-feira, dezembro 12, 2007

"Do que estás à espera...?"

A noite dava os seus primeiros sinais de cansaço. Aos mais apressados raios de luz do dia que se anunciava juntava-se a rotina que se confundia com o dia-a-dia que Henrique levava. O som irritante do despertador servia de ponto de partida e não havia volta a dar. Henrique saía de casa sem tomar o pequeno-almoço, ou não fosse um café o seu destino de sempre, onde aproveitaria para mordiscar um panado que tivesse sobrado do dia anterior e beber um galão bem quente.

O inicio do dia de trabalho era monótono. Verificar se a limpeza do fim da noite anterior tinha sido bem feita, se os tampos de vidro das mesas estavam realmente transparentes, se as cadeiras estavam bem alinhadas e os cinzeiros limpos. Começar a receber fornecedores e orienta-los para a cozinha, colocar os bolos frescos no mostruário e repor o stock de bebidas na arca frigorífica, entre muitas outras coisas e detalhes. Um ritual que apenas terminava com a constatação de que eram horas de abrir as portas ao público.

Os primeiros clientes eram invariavelmente as pessoas que iam de viagem, carregados de malas, maletas e mais mochilas e sacos que espalhavam pelo chão junto às mesas em que se sentavam, deixando pouco espaço para quem tem de fazer malabarismos com uma bandeja cheia de chávenas e copos altos, mais bolos e latas de refrigerante. Pouco depois começavam a vir os empregados de algumas das lojas em redor, que faziam os possíveis por comer qualquer coisa antes de abrirem as suas próprias portas à clientela snob que pululava de loja em loja, esbanjando o dinheiro em trivialidades. Também essa clientela havia de lá parar, no café. E seria possível ouvir o desdém com que conversavam sobre uns e outros ou como se comportavam. Andavam pela rua com o nariz tão empinado que nem se davam conta das fezes de cão que pisavam… tudo em nome da pose e postura supostamente superior, que uma qualquer herança ou casamento de conveniência fez subir à cabeça. Nada que perturbasse muito Henrique.

Pouco antes das 9 da manhã era a altura do sr. Baptista vir comer o seu pastel de nata, juntamente com um café curto e sem açúcar, antes de ir para o banco onde era gerente, ali mesmo na porta ao lado. Pouco depois juntava-se-lhe Margarida, caixa no mesmo estabelecimento e cerca de 25 anos mais nova que ele. Pedia sempre um bolo de arroz e um galão “nem muito quente nem muito frio” dizia ela. Corriam rumores que tinham um caso amoroso… nada que a sra. Baptista não desconfiasse, também ela cliente do estabelecimento, mas a horas mais tardias, com as suas amigas de compras.
Pouco havia para recordar desses episódios.

Henrique preferia passar o tempo à espera das 11 horas da manhã e das 4 da tarde. E enquanto essas horas não chegavam e os clientes escasseavam, ia-se entretendo com a leitura dos clássicos de literatura. Não que tivesse sonhos de grandes voos mas achava que um pouco de cultura fazia sempre bem e os livros permitiam-lhe imaginar lugares que nunca teria possibilidade de ver.
Às 11 da manhã, mais minuto menos minuto, era a altura em que o café ganhava uma vida nova, por completo. Tratava-se da Aurora, empregada da loja de lingerie que se encontrava mesmo em frente ao café, que chegava para um ligeiro lanche. Aurora exercia um fascínio desmedido em Henrique, que pouco mais fazia que fantasiar com o sorriso calmo e sereno da rapariga.

Aurora era jovem, teria pouco mais que 19 anos, e o corte de cabelo curto não conseguia disfarçar uma sensualidade exuberante, acompanhada por um brilho de olhar sincero e feições gentis. Por vezes com um ar tímido em trejeitos de criança, outras vezes mais atrevida e provocadora mas apenas nas mentes de quem lhe tinha um desejo mais carnal. Na realidade, tinha um jeito peculiar de se comportar e parecia movimentar-se por processos delineados, com uma premeditação e objectivo único de espicaçar os homens que a fitavam. E Henrique era um deles. Todos os dias. Pouco tempo demorou Henrique a aperceber-se de pequenos detalhes nela: a forma como cruzava as pernas, sempre na direcção do balcão; o pequeno sinal de nascença a meio do pescoço alvo, por baixo da orelha esquerda, onde dois pequenos e reluzentes brincos se deixavam repousar, por cima um do outro, um vermelho outro azul; a maneira como arrumava sempre a sua mesa, para facilitar o trabalho a Henrique e até a forma peculiar como deixava dobrado o guardanapo de papel, todos os dias, sempre da mesma forma.

Na parte da tarde o ritual repetia-se, sem alterar grande coisa.
Às 8 da noite acabava o turno de Henrique, que metia-se no metro de volta casa, onde aquecia a comida que trouxera do café e que lhe serviria de jantar. Depois punha a tocar um cd de jazz e ficava a ler até às 10 da noite, altura em que se deitaria para na madrugada seguinte começar tudo de novo.

O tempo passou, vários meses, sempre com a mesma rotina. As mesmas pessoas de sempre e algumas pessoas diferentes do habitual, apenas de passagem efémera.

Um dia Aurora falou-lhe pela primeira vez sem ser para lhe pedir o lanche que habitualmente pedia na parte da tarde. “Este é o meu último lanche aqui. A loja fechou agora mesmo e já nem volto para lá.” disse ela, enquanto esperava que Henrique acabasse de apontar o pedido da mesa ao lado. “Gostava de acreditar que o facto de ter vindo trabalhar para esta rua tivesse um propósito superior a um simples trabalho temporário…” continuou ela. Henrique, pessoa de poucas palavras não soube que lhe responder nem se havia de responder. Ela, sem obter grande reacção da outra parte, baixou a cabeça e terminou o seu lanche. Pediu a conta e saiu em passo apressado, sem se despedir.
Henrique pegou no troco e, ao limpar a mesa, o guardanapo de Aurora caiu no chão abrindo-se como uma flor, deixando a descoberto uma mensagem... onde se lia:

“Do que esperas para sermos felizes…?”




sexta-feira, dezembro 07, 2007

Supostamente


"É emotivo e sonhador, por natureza, brilhante e impulsivo. Introspectivo e observador, é indulgente para com os outros, só se retraindo com a futilidade e hipocrisia. Defende com denodo as suas ideias mas esconde precavidamente as suas emoções, apesar de ser um afectivo."

Apareceu-me pela frente um livro de sinónimos de nomes próprios e não pude deixar de espreitar o sentido do meu nome, apesar de não ligar muito a essas coisas.
Parte até será verdade, mas isso pode-se dizer sobre muita gente com outro nome qualquer.




terça-feira, dezembro 04, 2007

"I hang my head and I advertise:
a soul for sale or rent"

Bem, parece que só uma pessoa tentou acertar o repto que lancei no outro dia. Até não me admira, visto eu ter-lhe dito a resposta certa e visto ser raro vir mais alguém que não seja por engano (tirando as minhas próprias visitas, que devem rondar os 97 ou 98% do total de visitas).


Hoje vou contar um pequeno episódio que se terá passado há coisa de 3 anos (se não estou em erro), numa noite quente – penso que de Verão – na esplanada do Seu Café. Uma rapariga do nosso círculo de amigos dizia conseguir ler a sina na palma das mãos. Tudo bem, cada um acredita no que bem entender. Fez então o obséquio de ler a sina a quase toda a gente daquela mesa.
Devo dizer que a “sina” que me calhou a mim não me deixou muito satisfeito (vá lá saber-se porquê). Segundo as linhas na minha mão vou precisar de dois empregos para sustentar a minha mulher – seja ela quem for, visto que fiquei sem saber quando a vou conhecer (ou mesmo se já a conheço) – mas o “melhor” ainda estava para vir.
Por volta dos 60 anos de idade (e aqui já tenho de fazer um esforço grande para me convencer que vou viver tanto tempo) vou ter um grave problema de saúde que me vai deixar preso a uma cama. E agora sim, entra em força a ironia inerente ao facto de viver… segundo as linhas na minha mão (ou pelo menos, levando em linha de conta o que me foi dito) só depois dos 70 anos de idade vou encontrar o verdadeiro amor da minha vida… e relembro quem me lê, que nessa altura estou preso a uma cama.
Isto levou logo o círculo de amigos a tirarem as suas conclusões: seria uma enfermeira ou seria uma senhora na cama ao lado? E a comunicação seria feita através dos sonoros “bips” das máquinas?

Isto tudo para dizer que a musica que meto agora no blog é de um dos meus grupos favoritos de todos os tempos, que nos deixaram verdadeiras relíquias e musicas intemporais que hão de estar sempre presentes e actuais.


Em termos de curiosidade, apenas acrescento que o simbolo oficial dos Queen foi feito totalmente pelo proprio Freddy Mercury e nele estão representados os signos de todos os membros da banda - leão, caranguejo e virgem (sob a forma de duas fadas).

Queen, com este fabuloso Save Me, gravado em 1979 e lançado em 1980 no disco The Game.
Resta acrescentar que Brian May escreveu esta musica depois de um casal amigo se ter separado.

Queen - Save Me.mp...


It started off so well
They said we made the perfect pair
I clothed myself in your glory and your love
How I loved you
How I cried
The years of care and loyalty
Were nothing but a sham it seems
The years belie we lived the lie
"I love you 'til I die"

Save me Save me Save me
I can't face this life alone
Save me Save me Save me
I'm naked and I'm far from home

The slate will soon be clean
I'll erase the memories
To start again with somebody new
Was it all wasted
All that love ?
I hang my head and I advertise
A soul for sale or rent
I have no heart, I'm cold inside
I have no real intent

Save me Save me Save me
I can't face this life alone
Save me Save me
Oh I'm naked and I'm far from home

Each night I cry and still believe the lie
I love you 'til I die

Yea, yeah
Save me yeah Save me oh Save me
Don't let me face my life alone
Save me Save me
Oh I'm naked and I'm far from home

(Save Me, Queen)






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