quarta-feira, agosto 29, 2007

Rotundas com muitas faixas confundem as pessoas


Na curva da tua anca

Balanças o corpo como se estivesses a dançar.
Na curva da tua anca os sons aconchegam-se
e parecem ganhar ritmos novos e diferentes,
onde a luz se torna sublime e explode em mil sois.
O vestido branco alvo em que te escondes,
assim contra a luz, acaba por te deixar exposta:
bela, esculpida ao pormenor com a subtileza
das mãos de quem nutre um especial amor à arte,
e fazes do mar um manto de loucuras perdidas
onde as estradas não têm fim nem destino.
Admito, sem pudor, que te fito e que te admiro...
não quero passar por mentiroso, perto de ti.
E não tenho problemas nenhuns em dizer
que não é mais que um desejo carnal...
infestado de pecado, dirão os pudicos.
Pois que o digam, é verdade e não nego.
Entrego-me aos prazeres da tua beleza
como se fosse tecto para um sem-abrigo.
E espero que no momento crucial da paixão
consiga ser capaz de entender
que em ti há uma infinita beleza interior,
fonte eterna do meu completo amor.
Seja lá o que isso for...

.............Nelson Gonçalves (28/08/2007)




segunda-feira, agosto 27, 2007

Cromos, auto-colantes... cadernetas inteiras


Não sou mais que um tresloucado? Não passa uma unica noite em que não pense nisso, antes de me deitar, quer tu tenhas estado presente nos meus sonhos ou não.
Não há uma unica noite que não te veja e mesmo assim não te encontro... assim torna-se dificil saber se és tu quem me deixa ensandecido ou se serei só eu que me deixo levar por tudo o que me é transcendente.
Há dias em que em sinto superior a isso tudo e a tua ausencia não custa tanto.
Outros há em que me deixo ser como sou: simples mortal enlouquecido que se entrega aos teus braços sem luta... apesar da tua ausencia.




quarta-feira, agosto 22, 2007

Um pouco de todos nós


Hipocrita, eu

Um, dois, três, quatro, cinco...
Vão-se contando os acidentes com algum afinco.
Queixam-se que a curva devia ser mais segura,
No entanto fazem da estrada uma aventura.
Por vezes parecem conduzir de olhos fechados,
Há também os que estão sempre atrasados.

Quatro, cinco, seis, sete, oito...
Vai contando os feridos alguem mais afoito.
Uma perna partida... uma cabeça aberta...
“Se não fosse o cinto tinha sido morte certa!”

Seis, sete, oito, nove, dez...
Juntam-se no mesmo numero os que bateram de uma vez
Num quadro negro riscam-se traços, em branco-giz
E há cada vez mais acidentes, é a estatistica que o diz...

“Eles que parem, sou um mestre do volante.”
Enquanto isso vês a vida passar num instante.
Dizem que a culpa não morre solteira,
Não foi a ultima vez, muito menos será a primeira.
Agora até já tens a tua cara no jornal,
Para sempre serás lembrado, para o bem ou para o mal.

Cinco, quatro, três, dois, um...
Afinal só houve um morto, eras tu e mais nenhum...


.....................Nelson Gonçalves, 21/08/2007




segunda-feira, agosto 20, 2007

Lugares sombrios ao sol


Breve vento

Inabalavel, espero moribundo.
Há tempo que lancei em mim o alerta,
Minha mente partiu para parte incerta.
Mais não desço porque já bati no fundo.

À morte entreguei-me já senil,
No dia que me queixei de má sorte.
As laminas que me atacam, são mais de mil
E no fim não há uma unica que me corte.

Saboreio cada segundo de agonia
Decoro a doença e a dor de cada momento
Por saber que se aproxima o esperado dia
Em que serei pouco mais que um breve vento.

Serei cinzas de um incendio deflagrado,
Chama morta de amor não correspondido,
Pedra fria do meu tumulo enfeitado,
Rocha inerte de um qualquer jardim florido.


......................Nelson Gonçalves, 20/08/2007




quinta-feira, agosto 16, 2007

(com)correntes


A distancia avassaladora a que fomos votados tem tendencia a tornar-se epilogo de um livro que não se chegou a escrever. O coração fica feito pedra e o sangue não é mais que areia que me vai corroendo as veias, à sua passagem. Tudo em mim parece querer gritar por misericordia... mas o silencio mantém-se... impune, imutavel e intransponivel. Não deixo de pensar se esta distancia não será uma espada encostada a mim e se terei forças de a fazer trespassar-me o peito.
Agora, nem nos sonhos essa distancia se desfaz e a barreira invisivel que nos separa é manhã que derrota a noite exausta.

Juntos faziamo-nos fortes. As montanhas faziam-se pequenas e os rios encontravam os seus destinos em direcção ao mar.
Juntos faziamos os sonhos cor-de-sorriso tornarem-se realidade. Apagavamos os holofotes do esquecimento e o tempo das maravilhas voltava a pulsar.

Juntos... até fazia sentido.




sexta-feira, agosto 10, 2007

E porque não...?

Até tinha uma ou duas coisas para escrever neste espaço, mas vão ficar adiadas mais uns dias. Entretanto descobri o que se segue. O instrumento, algo estranho para quem o desconheça, chama-se Theremin. Foi inventado em 1919 por um senhor russo com o mesmo nome, e foi o primeiro instrumento electronico a ser criado. As notas e o volume são criados consoante sem movem as mãos através de ondas de energia criadas pelho aparelho.

O instrumento é estranho, mas a melodia (pelo menos esta, que foi muito bem tocada) é fenomenal.
Não consigo passar sem fechar os olhos e deixar-me levar por esta melodia, cada vez que a oiço.





quarta-feira, agosto 08, 2007

Porque o tamanho importa...


Não é o tamanho do texto ou a quantidade de palavras que importa.
O que importa são os sentimentos e as ideias que ele desperta.

Lentamente sinto-me a esquecer as coisas que realmente deveriam ter mais significado.
Onde é que falhei?
Onde estou, que me sinto perdido...
Pior... porque me perdi? Ou será que me perderam a mim...
Onde é que me perdi dos caminhos seguros onde as paisagens valiam a pena...?

Sentir... a real prova de que se existe... e quanto maior o sentimento, mais profundo o golpe e a ferida.






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