segunda-feira, maio 28, 2007

Em pressões diz e tais


Há sempre algo que fica por dizer... nem que esse “algo” seja mesmo “tudo”. No entanto já te desenhei vezes sem conta, com as palavras que se deixam escrever à velocidade do bater de um coração. Anda-se às voltas, à descoberta de novos lugares, na demanda de novos refúgios que abriguem a solidão mas acaba-se sempre por voltar aos mesmos sítios, onde em tempos se prendeu uma esperança devota a nada... o mesmo lugar-comum, onde persiste a miragem de que alguma coisa seja diferente de todas as outras visitas a esse planeta chamado “paixão”.
As promessas veladas que se fazem nos mais impróprios momentos de insensatez são sempre as piores, as mais inoportunas. Porque são as promessas que nunca se devem fazer e são as que nunca se chegam a cumprir.
Os inertes textos que não são lidos, porque não se dão a ler, são os que estão manchados de morte logo à nascença. Nascem sem propósito, sem alvo ou objectivo que lhes indique alguma razão para a sua própria existência... tal como as promessas vãs... condenadas.
Os refúgios que se procuram não são mais que fogo-fátuo tentando sobreviver à custa de um oxigénio que já não existe... em tempos oxigénio, agora nada mais que um amontoado de suspiros embriagados de desalento, como se fossem um aviso da ruína que se prepara para reinar sobre o mundo.
A promessa que se mantém cumprida é apenas uma: não dar vida às palavras que têm o poder de destruir tudo em seu redor, de uma só vez. As palavras que ninguém quer ouvir, vindas da boca de um qualquer desalinhado.
Essa... essa é a promessa que não se pode quebrar.
Porque essa é a promessa que me permite acordar sob o mesmo sol que te ilumina as manhãs... porque essa é a promessa que me permite continuar a sonhar.

...e o que seria deste insignificante mundo em que me fecho, se não fosse o fascínio que despertas em mim...




sexta-feira, maio 25, 2007

Não suporto aranhas... sou aracnofóbico!


Sou velho!
Não é que esteja velho agora... sou velho. Isto não é uma caracteristica que tenha desenvolvido recentemente, é uma coisa que faz parte de quem eu sou há já muito tempo. Não é por ter feito anos ou ter passado alguma barreira psicológica em termos de idade que passei a ser velho. Cinquenta, sessenta, setenta... não sei e tanto me faz, já há muito que não faço por manter a conta e ninguem a faz por mim. Já sou velho há muito tempo, talvez desde a altura em que devia ter entrado na adolescencia.
Não é por ter mais ou menos rugas ou a cabeça coberta por mais ou menos cabelos brancos ou grisalhos. É dentro da cabeça de cada um que a velhice se instala e ganha contornos que a tornam real. Sou velho porque nunca soube me comportar como as pessoas da minha idade. Sou velho porque nunca soube tirar proveito da energia ou jovialidade que me era dada pela natureza, nunca soube lhe dar uso.
Apenas me deixei ficar... empedernido pelo gélido vento, pelo irresistivel passear dos ponteiros de um relógio ou pelo rasgar de mais uma folha no calendário de parede que apenas existia na minha mente.

Não digo que sou velho apenas porque me apeteça... sou velho porque nunca soube ser jovem. Se o tivesse sido nem seria capaz de dar por isso. Mas hoje em dia, olhando para trás, vejo que passei automaticamente da infancia para a tenebrosa velhice mental.
Estou há demasiados anos neste banco de jardim, os pombos vão e vêm, uns e outros, várias gerações deles, mas eu... sou o mesmo velho de sempre, de toda uma vida... e apenas os pombos me fazem companhia.

No fundo, sou velho porque estou infinitamente preso ao irreversivel “não saber o que é viver”!




quarta-feira, maio 23, 2007

The torns that keep me bleeding



Nos ultimos tempos tenho reparado numa coisa:
já não passo tanto tempo a pensar em ti.
Já lá vai o tempo em que passava o tempo todo
a pensar no que estarias a fazer ou com quem estarias,
durante as alturas em que não faria ideia sobre o teu paradeiro.
Por vezes imaginava-te numa esplanada a ler um livro qualquer,
na calma e quietude que o anonimato oferece,
enquanto estranhos e desconhecidos passavam por ti
sem dar conta da tua perfeição.
Por vezes pensava-te sentada no sofá da tua casa,
a ouvir um qualquer disco de alguma das tuas bandas preferidas,
enquanto relaxavas ao sabor de um chá ou de um café.
Outras vezes ainda, nas alturas mais sombrias
em que a solidão, o desalento e o desanimo tomavam conta de mim,
imaginava-te acompanhada por alguem... que não eu.
Agora... agora a solidão, o desalento e o desanimo
fizeram-se oxigenio que faz parte da vida.

Já lá vai o tempo em que passava o tempo todo a pensar em ti...
agora apenas o faço 24 horas por dia.




quinta-feira, maio 17, 2007

Férias de mim e alguns quilos de saúde - é do que se sente mais falta, por estes lados


Podia dizer muita coisa e escrever muita coisa sobre esta musica, mas no fundo, no fundo, acabava por invariavelmente não dizer nada. Por isso deixo só a musica com a letra.
Oceano, cantado por Djavan. No botão do play, ali à direita.


Assim que o dia amanheceu lá no mar alto da paixão
dava pra ver o tempo ruir
cadê você? Que solidão!
Esquecera de mim?

Enfim,de tudo o que há na terra não há nada em lugar nenhum
que vá crescer sem você chegar
longe de ti tudo parou
ninguém sabe o que eu sofri

Amar é um deserto e seus temores
vida que vai na sela destas dores
não sabe voltar
me dá teu calor

Vem me fazer feliz porque eu te amo
você deságua em mim e eu oceano
e esqueço que amar é quase uma dor

Só sei viver se for por você!

Enfim,de tudo o que há na terra não há nada em lugar nenhum
que vá crescer sem você chegar
longe de ti tudo parou
ninguém sabe o que eu sofri

Amar é um deserto e seus temores
vida que vai na sela destas dores
não sabe voltar
me dá teu calor

Vem me fazer feliz porque eu te amo
você deságua em mim e eu oceano
e esqueço que amar é quase uma dor

Só sei viver se for por você!

(Oceano, Djavan)





segunda-feira, maio 14, 2007

Trinta por uma linha


Imagem de gak.

Este texto devia ter sido colocado aqui ontem... a gripe não deixou, tal como outras obrigações a que o dia em si obrigava.
Não é bem fazer “trinta por uma linha”, como diz o título. Como sempre, fica sempre algo por fazer. Assim sendo, para ser correcto teria de retirar o “por uma linha”. E ainda bem, porque “linha” pode ter conotações a consumo de certas substancias proíbidas, coisa que não seria verdade. Não tenho esses vícios e muito menos estaria em tal estado que fizesse qualquer coisa por uma “linha”.
Pois bem... isto tudo para dizer que parece que (parece não, é mesmo) afinal há mais um trintão charmoso, inteligente, atraente e altamente desejavel no mundo... tirando a parte do “charmoso, inteligente, atraente e altamente desejavel”, evidentemente.
Já agora, parece que no outro dia tinham razão, quando ouvi dizerem que “a partir dos 30 a garantia acabou”.




quinta-feira, maio 10, 2007

Há coisas de que não gosto... mas também há coisas que detesto

Aqui me deixo ficar à distancia, apenas a olhar para essa porta do paraíso... a tua janela. Essa janela inalcançavel, qual Olimpo criado pelos deuses, para admirarem a beleza que te torna maravilha do mundo. Onde o Universo pode ser visto num só céu de meia-noite para te oferecer as constelações todas de uma só vez e de onde as mentes navegam livres ao sabor das brisas que viajam por todo o mundo. Onde a vista permite ir além do que qualquer homem alguma vez ousou sonhar e as paisagens vão desfilando de tempos a tempos, só para te mostrar como o mundo pode ser à tua imagem – belo, lindo de tirar a respiração.
A tua janela... esse parapeito onde pousas os braços quando o sol te vem oferecer os primeiros raios de luz do dia e, nas noites mais quentes, uma lua cheia te dedica serenatas ao sabor dos nectares divinos e de paixões retumbantes e incontrolaveis.
Essa tua janela que tem o privilégio de te admirar ali, estendida sobre uma cama que se recusa a clamar por mim, onde todas as noites repousas qual bela adormecida à espera do meu beijo salvador – heresia minha, ousar pensar que tal coisa pudesse estar destinada a mim.
Essa tua janela... fronteira entre o inferno e o paraíso.
Essa tua janela... que me mantém a arder, aqui... do lado de fora do mundo perdido.




segunda-feira, maio 07, 2007

Lei devida


Gracimanta estava grávida de 7 meses.
Por esta altura devem estar a pensar “que belo nome, Gracimanta”. É simples, quando lhe foram escolher o nome, a mãe era fã de Grace Kelly e o pai tinha a colecção completa de fotografias da Samantha Fox.
Mas como ía dizendo, Gracimanta estava grávida de 7 meses e obrigou o seu marido (quiçá até o pai da criança que vinha a caminho) a frequentar umas sessões para futuros pais. Muito contrariado e a desgosto, Girinaldo lá acedeu a participar – para dizer a verdade, quase foi arrastado.
No entanto, Girinaldo arranjava sempre outros participantes das sessões para por a conversa em dia, fosse sobre o futebol, carros ou os ultimos modelos de telemoveis que tinham saído no mercado – sobre mulheres não podiam falar, evidentemente, diante das suas esposas.
Girinaldo Presley Mosqueirinha era filho de uma criadora de rãs em cativeiro, e o pai fazia imitações dos velhos classicos da musica, pelos palcos das aldeias circundantes.

Certo dia, numa dessas sessões, Girinaldo estava muito bem em amena cavaqueira com um colega do lado enquanto se discutia a eventual vantagem da pratica de sexo durante a gravidez – bem sei que parece estranho a discussão ser sobre sexo e Girinaldo não prestar atenção, mas na tarde anterior tinha-se disputado o Brenhas de Baixo FC – Sobral de Monte Cernelhas GDR. Compreende-se.
Estando já um pouco farta da conversa de café dos dois futuros pais, a “instrutora”, querendo deixar Girinaldo embaraçado em frente de toda a gente, não hesitou em tentar fazê-lo passar por ignorante. Vai daí, a pergunta não se fez esperar:
- Girinaldo, temos estado aqui à discussão mas ainda não tivemos oportunidade de conhecer a sua opinião. Qual é para si, e depois de tudo o que falámos antes, a grande vantagem do sexo durante a gravidez?
- Mas ainda têm duvidas? Para que serve isto afinal? Claramente a grande vantagem do sexo durante a gravidez é a mulher não engravidar!!

Não negue o poder do subconsciente, quando se trata da sobrevivencia sexual do homem!!




quarta-feira, maio 02, 2007

As contas dos sonhos


Revolto-me hoje contra os sonhos, tal como sempre fiz, quando desperto. Não me revolto contra os sonhos em si, mas sim contra o seu preço, o preço que todos nós pagamos ao sonhar. Invariavelmente esse preço é sempre demasiado elevado, por vezes exurbitante, até. “Mas os sonhos são de graça”, poderão dizer vocês. Eu digo que não são, digo mesmo que são extremamente caros. O preço que se paga é passar tempos indeterminados a ser assombrado pelos sonhos. Passar dias e dias a remoer o sonho que não se pode alcançar, que não se pode reviver, nem mesmo em sonhos.
Neste caso os pesadelos acabam por ser o “mais baratos”, por manterem-se na nossa mente por muito menos tempos, e ainda assim, atormentarem-nos muito menos que os sonhos bons, aqueles que nos perseguem, que queremos tornar realidade, mas não conseguimos.
Malditos sonhos inalcançáveis e o seu exorbitante preço... sonhar com a colina do topo do mundo que nunca se subirá... a paisagem perfeita que nunca terá a companhia desejada... o toque suave de dois corpos que nunca se descobrirão... o beijo que ficará para sempre por dar... o amor que nunca poderá existir... condeno-os a todos por quererem resistir à custa de uma pseudo-lei de mercado.
Renuncio aos sonhos, recuso-me a continuar a pagar o seu preço!

...na terra dos sonhos, ninguem me leva a mal.






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