quarta-feira, maio 31, 2006

Comédia à luz da noite



Cansaço

Já te disse que és maravilhosa?
Acho que sim.
Pelo menos no meu pensamento.
Mas pareces não ouvir.
As palavras que te digo
recusam-se deslocar no espaço
que faz fronteira entre nós.
Os beijos que te dou vezes sem conta
não saem de um mundo imaginário
onde foram re-inventados.
E sucumbem de tristeza,
afogam-se na solidão,
e desaparecem na imensidão
de um lugar que não existe.
Teu abraço, qual camisa de forças
que nunca me chega a prender,
que nunca me chega a tocar,
que com a sua ausencia
alimenta a loucura que extravasa
e transborda um sentimento
que se quer sempre puro.

Os sinais que apontam para ti,
que me digam que és tu...
não os vejo.
Não sei onde estou,
ou porque cá estou.
Não encontro coisa alguma
que me indique onde estás,
nem que caminhos escolher.
Estou cansado deste mundo
de falsas realidades e de fantasias.
De parar no tempo e do passar dos dias.
Farto de respirar e suspirar.
Farto de não saber a quem me entregar.
E farto de me sentir perdido.
Chama por mim, porque não te encontro.
Chama por mim... acho que estou pronto.

.................Nelson Gonçalves (30/05/2006)

Ouvir as mesmas musicas de sempre, cair nos mesmos erros e enganos de sempre. Criar sempre as mesmas ideias parvas na cabeça, quando já devia ter aprendido há tanto tempo. E resignar-me? Para quando?




terça-feira, maio 30, 2006

Perséfone
em português "telefone do persépio"

Nem na Antiguidade parecia haver boa vontade.
Vejam o caso de Caronte, que cobra uma moeda de ouro para com seu barco transportar as recentes almas penadas para lá do Rio Estige. E pontes, não se sabe construir? E realmente, se não se quiser um fantasma a assombrar o nosso mundo, lá terá de se meter uma moeda junto ao corpo do falecido, para que este possa fazer a viagem no barco de Caronte.

Isto tudo para se chegar ao reino de Hades.
Hades era um deus de poucas palavras e seu nome inspirava tanto medo que as pessoas procuravam não pronunciá-lo. Era descrito como austero e impiedoso, insensível a preces ou sacrifícios, intimidativo e distante.
Um bom moço, como se pode imaginar.

Hades, era conhecido como o reino dos mortos ou simplesmente o submundo. Este era um lugar onde imperava a tristeza.
Uma casa aconchegando, segundo parece.

Hoje em dia já ninguém tem respeito. Usa-se o nome de Hades em vão, por tudo e por nada.
E é tão comum ouvir dizer qualquer coisa como “Hades ver que tenho razão” ou “Hades d’arrepender-te, meu grande estupor” (só para dar alguns exemplos).



O Rapto de Proserpina (Perséfone)
por parte de Hades que faria dela sua esposa.
Quadro de Rubens.




domingo, maio 28, 2006

Absurdo... eu sei


O processo de auto-destruição, ao qual dei início este fim-de-semana, chegou ao seu final sem que se atingisse o objectivo... mais um fracasso, a somar a tantos outros.
O teu olhar - inconsciente força motríz que despoletou este processo - é também combustivel de emoções contraditórias em mim, forçando a minha mão a parar, a não querer testar estes limites que me tinha proposto a fazer.
És única no mundo... como afinal o é tanta gente. Mas a diferença está aí... és tu.
És dor na minha solidão e alegria da minha companhia. És escuridão na tua ausência e luz na minha presença. És desespero na minha ignorancia e clarividencia das minhas buscas.

És a habitante incondicional da minha casa de sonhos, onde planto todas as minhas loucuras, onde me perco nas horas vagas, onde semeio a tua imagem vezes sem conta.
És o rumo nos caminhos retorcidos que traço no mapa do meu próprio conhecimento. O ponto de origem no horizonte invisível, onde nascem os arco-íris. A quimera do ouro que obriga a escrever páginas da história de uma humanidade, na sua procura. Um santo graal imaginário que habita na fantasia de cada louco... ou afortunado.




sábado, maio 27, 2006

Som. Outro.


Gosto de ouvir The Waterboys. Adoro o som e o estilo deles. What do you want me to do? No botão do play, à direita.


I’ve tried to do things my own way
I’ve tried to do what people say
And I’m going nowhere fast
And I’m turning to you at last

What do you want me to do?
What do you want me to do?
What do you want me to do lord?

I can see the lights of home
But I can’t get there on my own
I can see the landing strip
But I need you to steer my ship

What do you want me to do?
What do you want me to do?
What do you want me to do lord?

I’ve been a fool and I’ve been a clown
I let the enemy turn me around
I’ve wasted love and I’ve wasted time
I’ve been proud and I’ve been blind

I’ve got a lot of things to change
A whole man to rearrange
And if you show me how
I'll begin right now

What do you want me to do?
What do you want me to do?
What do you want me to do lord?

I’m listening...
I’m listening...
I’m listening...


(What do you want me to do?, The Waterboys)

Basta tirar a palavra "lord" e faz todo o sentido. Só faltava saber a resposta, mas não se pode ter tudo.




sexta-feira, maio 26, 2006

Pequena explicação

- Porque não te divertes mais, em vez de ficares assim?

- Porque não sei como… e tenho esta pele agarrada a mim, da qual não me consigo separar… não me consigo separar deste falhado que sou e que , infelizmente, me persegue.




quarta-feira, maio 24, 2006

Por céus alheios


Foto de HOARY HEAD
...à falta de um para mim.


Em sonhos sonhados

E o sol, apesar de quente e abrasador,
quase infernal,
parece não brilhar o suficiente.
Pelo menos o suficiente para esquecer
o brilho da luz penetrante que emana de ti
e que só a mim me encandeia.

O tempo não passa,
e no entanto já lá vai tanto tempo
desde que te toquei,
desde que te senti pela última vez.
Desde que nos entregámos um ao outro,
como se o mundo fosse terminar em segundos,
e aquela fosse a única maneira
de o fazer renascer de novo.

As tuas feições… não sei como são.
Nem a cor dos teus olhos,
ou a maneira insinuante do teu cabelo
seguir a curva dos teus ombros.
As tuas pernas, como seda,
de fazer parar os ponteiros do relógio…
conhecem ainda o contorno do meu tronco?
A cor de todos as paisagens, no teu sorriso,
que impede cada segundo de passar,
por receio de findar tão perfeito momento.

Já não me lembro.
O tempo não passa…
e no entanto já lá vai tanto tempo
que já me esqueci de como és.

O teu toque, incendiário
de sentimentos em mim.
A explosão de emoções,
cada vez que teus lábios tocavam
levemente nos meus
…onde andam?

Tenho saudades desses tempos
que não vivi.
Tenho saudades desses sonhos
que sonhava em ti.
Quero te conhecer, quero saber quem és.
Quero saber que fazer em mim,
para te fazer feliz a ti.

Quem és…? Como és…?
Existes, realmente?
Ou não passas de um sonho
que habitei inconscientemente?
E há tanto tempo atrás.

Quando nos cruzaremos pela primeira vez…?
Só para o mundo começar a respirar…

...............Nelson Gonçalves (23/05/2006)





terça-feira, maio 23, 2006

Fricção cientrifuga


Era fim de tarde de domingo. Juvenal Joaquim seguia descontraído e descansado da vida pelo centro comercial. Sentia-se bem consigo próprio. A sua camisa amarela preferida da Triple Martell, as suas calças de fato de treino da Reemok mais o chinelo de marca Dike faziam-no sentir no paraíso. Nem se preocupava muito com o facto do seu filho, Asdrúbal Joel, fazer a cabeça em água à sua mulher, Jacinta Josefina. Sentia-se no paraíso.

De repente, e do meio do nada, salta um Fulano à sua frente e entorna meio litro de sangue de porco na sua camisa preferida.
- Qué essa me(piiiip), fo(piiip)??? Oh meu grande filho da p…
- Tenha calma, meu bom senhor – interrompeu Fulano, antes que o Juvenal conseguisse soltar qualquer impropério.
- Isto é para a gravação de um spot publicitário, a uma nova marca de lixívia, que está a ser lançada agora no mercado – continuou Fulano, enquanto eram rodeados pela câmara de filmar e todos os aparelhos de captura de som inerentes a tal acção.
- Veja como o nosso produto é revolucionário, e remove completamente as manchas até do sangue de porco alimentado a bolotas virgens das florestas negras do sul da Alemanha.

Passados uns minutos com a camisa de molho, Fulano retira-a e deparam-se todos com um cenário de autentico “branco mais branco não há”. Fulano faz um sorriso de orelha a orelha, enquanto mostra triunfante a camisa diante da câmara de filmar.

Juvenal ainda não acredita no que vê. Jacinta Josefina olhava com os olhos boquiabertos e a boca esbugalhada, qual hipopótamo quando abre a bocarra enorme e se prepara para abocanhar inadvertidamente mais um carregamento de fitoplanctôn.

- Mas…mas… a camisa está branca!!??? – disse Juvenal, o incrédulo.
Fulano respondeu de uma assentada:
- Imaculada, caro senhor! Nem o mínimo vestígio de sangue de porco! Não lhe disse?

Juvenal agarra-se aos colarinhos do Fulano, levantando-o 15 centímetros do chão.
- Mas a camisa era amarela!!!! – gritou para quem bem quis ouvir.

Fulano por sua vez grita pela polícia, que pouco ou nada demorou a chegar ao local.
Enquanto Juvenal se queixava ao polícia da cor da sua camisa, Fulano argumentava que a camisa era sua, sempre tinha sido branca e que aquele homem, de tronco nú, tentara sodomizá-lo em plena via publica.
Ao ouvir isto, o polícia volta-se para Fulano e pergunta:
- Tem alguma forma de provar que essa blusa é mesmo sua?

Fulano parou durante 27 centésimas de segundo, parecia petrificado. Fez-se um silêncio sepulcral à espera de uma resposta.
De repente ouve-se um leve, mas audível “rrraaaasssggghhhh” que ecoou pelo centro comercial todo, de lés a lés.
Fulano, que tinha a camisa atrás das costas, cora ligeiramente e, enquanto suava mais que um cabrito em lista de espera para o matadouro, diz baixinho:
- Tenho sim… a camisa tem um pequeno buraquinho…
E mostra a camisa, com um enorme rasgo de cima a baixo…
Juvenal é preso por atentado ao pudor e em tribunal é sentenciado a 4 anos e meio de prisão efectiva, mais 6 anos de tratamento psiquiátrico…

Moral da história: nem sempre quem te rasga a roupa é por querer fazer amor contigo… às vezes é mesmo só para te f….





segunda-feira, maio 22, 2006

Sem mais demoras


Shame on the moon, gravada por Bob Seger em 1982. No botão de play, à direita.


Until you've been beside a man
You don't know what he wants
You don't know if he cries at night
You don't know if he don't
When nothing comes easy
Old nightmares are real
Until you' ve been beside a man
You don't know how he feels

Once inside a woman's heart
A man must keep his head
Heaven opens up the door
Where angels fear to tread
Some men go crazy
Some men go slow
Some men go just where they want
Some men never go

Oh blame it on midnight
Ooh shame on the moon

Everywhere it's all around
Comfort in a crowd
Strangers faces all around
Laughin right out loud
Hey watch where your goin
Step light on old toes
Cause until you've been beside a man
You don't know who he knows

Oh blame it on midnight
Ooh shame on the moon
Oh blame it on midnight
Ooh shame on the moon


(Shame on the moon, Bob Seger)




Sou livre...



...segundo disseram na televisão.
Fizeram uma votação lá no meio da Europa de leste e decidiram que era altura de eu ser independente. Tudo bem que queiram isso, mas podiam pelo menos ter perguntado a mim, que posso ter uma ideia diferente e devia ter uma palavra a dizer, nem que fosse "Bom dia".

Um ministro não sei do quê, nem de onde veio dizer para os jornais e televisões que eu ía manter as boas relações de vizinhança com a Sérvia.
A unica reacção que posso ter em relação a isto é de que não sei de nenhuma vizinha minha que tenha esse nome e nunca tratei mal nenhum vizinho meu. E mesmo que tivesse, era problema meu e dos meus vizinhos. Não era preciso vir um ministro não sei de onde a querer impingir-me o que quer que seja.

Até já me vieram no MSN chamar de Црна Гора e também de Crna Gora. Ora eu não aceito insultos assim tão facilmente. Ainda por cima sem a minima razão de ser. Evidentemente bloqueei o acesso dessa gente ao meu contacto de MSN. É que nem estive com meias medidas, foram logo as medidas inteiras, que desaforos não é comigo!!

Montenegro é livre, e há de ser livre durante muito tempo!!

Post scriptum - a imagem serve de link para uma página da Wikipedia a falar sobre mim... qualquer dia até tenho um blog!




domingo, maio 21, 2006

Quando? Sabe-se lá...


Foto de ZR

Um dia, talvez

Devia convidar-te para algo...
Talvez para ir ao cinema?
Mas tenho um pequeno problema:
gosto de comédia, acção, terror?
Talvez uma bela história de amor?

Devia convidar-te para algo...
Talvez um café numa esplanada?
Mas não sei manter uma conversa,
Pouco sei sobre o império persa,
sobre os Incas não sei quase nada.

Devia convidar-te para algo...
Quem sabe, um dia na praia?
Mostrar-te alguma coisa interessante,
Descobrir-te um mundo distante
Mesmo que em mim nada te atraia...

Não passo do meu maior perigo.
Tento manter-me a salvo
Mas simplesmente não consigo.
Devia convidar-te para algo...
...queres viver comigo?

...........Nelson Gonçalves (20/05/2006)




quinta-feira, maio 18, 2006

Selo ou não selo


O quadro de administradores dos Correios queixam-se de uma vertiginosa queda no volume de negócios por culpa da Afinsa.
Argumentam que as pessoas recusam-se a enviar cartas, por terem de comprar selos...




terça-feira, maio 16, 2006

Ensaio sobre a loucura
...ou deambulações de uma insónia


Consegues imaginar um lugar sem cores? Sem qualquer cor que seja…? E lembro que o preto e o branco também são cores.
Consegues imaginar um lugar onde consigas ver todas as cores num único ponto? Onde o próprio branco se confunde com o preto, ou onde as cores todas se confudam com cor nenhuma?

E consegues imaginar um lugar onde o mais insuportável e enlouquecedor som se confunda com o mais perfeito e pacificador silencio? E a total ausência de som… existe?

Consegues esvaziar a tua mente, completamente?
Consegues imaginar o vazio…? O mais completo vazio?
Tenta… fecha os olhos por um instante.
Há sempre alguma coisa presente. Uma paisagem, um quarto, uma parede, um chão, uma linha ou um minúsculo ponto que seja. Ou mesmo a tua pessoa. Será que consegues imaginar que não estejas “lá”? Que não são os teus olhos
que procuram esse vazio, mesmo quando estão cerrados?

Mesmo quando julgas que estás a imaginar o vazio… não estarás apenas a ver uma imagem a preto, de escuridão? Confias em ti o suficiente para acreditar que, nesse cenário que pintas a preto, não há um chão, paredes ou uma paisagem… e sempre uns olhos em busca da ausência dessas mesmas coisas?

O vazio completo existe…? Ou será simplesmente mais uma mentira que impingimos a nós próprios?

(Nelson Gonçalves, 16/05/2006)


Alguma vez pensaram a sério nisso?




segunda-feira, maio 15, 2006

Em frente, seguir


Aquelas estradas já não guardam segredos.
Sabe onde se encontra cada buraco, onde começa cada linha da estrada ou qual a distância que o separa do abismo, para lá da berma… apenas a poucos metros, mesmo ali ao lado.
Sabe quais os candeeiros que não se acendem nunca e também aqueles que apenas se acendem esporadicamente, tal como o intervalo de tempo que o demoram a fazer. Apercebe-se de cada vez que algum candeeiro se deixa vencer pela inevitabilidade da escuridão a que tudo está condenado neste mundo… tudo se apaga, mais cedo ou mais tarde.
Conhece de cor e salteado as vinte e sete palmeiras que ladeiam a estrada, a maneira como a quarta, a sétima e a décima oitava se inclinam ligeiramente para o lado de fora da estrada, como que querendo fugir a qualquer acidente à espera de acontecer. Um qualquer tresloucado farto dos próprios azares da vida, ou alguém que se distraia a mudar a estação do rádio ou a falar ao telemóvel.
Um mapa desenhado na sua mente já conduz, quase que automaticamente, o seu carro pela ligeira curva à direita, seguida de uma curva mais apertada para a esquerda, com uma acentuada inclinação que parece querer empurrar o carro para o abismo, ali ao lado da estrada.
Já há muito tempo que se sente capaz de o fazer até de olhos fechados, ou não fora condutor habitual daquele caminho solitário.

E num momento de fraqueza, cede às vozes que lhe vociferam ordens e desordens ao ouvido, na solidão. Ao chegar à segunda curva, fecha os olhos e segue em frente…ali se perde na memória de quem nada tem a perder a não ser isso mesmo… momentos de triunfante loucura que lhe percorrem o pensamento, como se de sangue a correr pelas veias se tratasse. Na ânsia de pôr um ponto final às tormentas que fazem questão de o perseguir cada vez mais de perto, impossibilitando-o de encontrar um porto seguro onde descansar a mente dilacerada pelas constantes agruras e desgostos de uma vida em que não se soube vencer.

…em frente é que é caminho.

(Nelson Gonçalves, 15/05/2006)




domingo, maio 14, 2006

Sem tempo para tudo


Acabou-se a semana académica. Este ano 5 pessoas pediram-me para assinar as fitas... infelizmente entregaram-mas muito em cima da hora, e dividindo o tempo entre trabalho, recinto da semana académica e descansar minimamente para sobreviver...
Assim sendo, não tive grandes hipóteses de fazer um texto muito mais personalizado para cada uma dessas pessoas. Parte das fitas fitas teve de ser igual para todas... desta forma:

Esta miúda é uma bacana,
Só me dá a fita para assinar
Com menos de uma semana.
Esta gaja quer-me matar!!!

Com o tempo passa a ressaca,
Com o tempo passa a idade.
Falta de inteligência é o que ataca
A quem quer deixar a universidade.

"Ah quero ir ganhar dinheiro"
"e fazer…" nem sei bem o quê.
Acaba mas é o curso, primeiro
Que o resto depois logo se vê.

Noitadas p'los bares da cidade
Invariavelmente acabando no BA.
Quando te soltarem para a sociedade
Não te esqueças de passar por cá.

A vida académica é fixe,
É muito além de baril.
Venha outra litrona lá "disso"
Para passar aqui p'lo "funil".

Jantaradas é coisa que não falta,
Regadas a cerveja e vinho,
Para depois acabar em alta
E dizer ao despertador…"toca baixinho"

Isto agora foi mesmo para gozar
É claro que era na brincadeira
Tas no fim do curso, vamos festejar
Apanhando uma valente bebedeira.

Vendo que a vida universitária
Se vai chegando perto do fim
Quando fores multi-milionária
Epah… não te esqueças de mim!


À falta de melhor coisa para escrever... e de falta de jeito, também.




sábado, maio 13, 2006

Dia negro


Qual a utilidade de se formularem desejos, para simplesmente nunca se virem a tornar realidade? De onde provém esta necessidade de fazer constantemente figura de parvo...?
Burro depois de velho já não aprende.

Há precisamente 29 anos, era 13 de Maio de 1977... um dia negro para a humanidade...




Continuar ou não continuar...


A obra que ele tem, com todas as condicionantes que se sabem (talvez grande parte da sua inspiração venha daí) só a torna ainda mais especial e a roçar a perfeição, em cada verso ou em cada acorde. A maneira como ele se transforma, a diferença que se nota quando está a tocar uma musica ou no intervalo de duas... quase incompreensivel como a musica transforma as pessoas que realmente a sabem viver.
A gente vai continuar, pelo magnifico Jorge Palma, no botão do play, à direita.

Tira a mão do queixo, não penses mais nisso
O que lá vai já deu o que tinha a dar
Quem ganhou, ganhou e usou-se disso
Quem perdeu há-de ter mais cartas para dar
E enquanto alguns fazem figura
Outros sucumbem à batota
Chega aonde tu quiseres
Mas goza bem a tua rota


Enquanto houver estrada para andar
A gente vai continuar
Enquanto houver estrada para andar
Enquanto houver ventos e mar
A gente não vai parar
Enquanto houver ventos e mar

Todos nós pagamos por tudo o que usamos
O sistema é antigo e não poupa ninguém, não
Somos todos escravos do que precisamos
Reduz as necessidades se queres passar bem
Que a dependência é uma besta
Que dá cabo do desejo
E a liberdade é uma maluca
Que sabe quanto vale um beijo


Enquanto houver estrada para andar
A gente vai continuar
Enquanto houver estrada para andar
Enquanto houver ventos e mar
A gente não vai parar
Enquanto houver ventos e mar

(A gente vai continuar, Jorge Palma)

Há que continuar, apesar de tudo.




quarta-feira, maio 10, 2006

Quem? Quando?? Porquê???


A lingua portuguesa consegue ser, em muitos casos, incongruente e incoerente (não estou com paciencia para ir procurar mais adjectivos bonitos...). Como se não bastasse ser tantas e tantas vezes mal tratada, tem destes casos curiosos que só servem para pensar “quem fez isto assim devia era ser besuntado com chocolate e solto numa selva habitada por canibais adoradores da divina pasta alimentar que se prepara com cacau”. Este é um desabafo que digo a mim mesmo 3 a 4 vezes por dia, quer acreditem ou não (se fosse voces não acreditava, porque foi a primeira vez que aquilo me passou pela cabeça).
Passando então aos exemplos:

Temos então os verbos ter, ver e ler.
Na 3ª pessoa do singular escrevem-se tem, e .
Na 3ª pessoa do plural escrevem-se têm, vêem e lêem.

Porque carga de água não se escrevem todos da mesma maneira? Pergunto eu!
Por essas e por outras, várias vezes me recuso a escrever bem, optando por um propositado teem (é claro que também ajuda a minha aversão à utilização de acentuação – que me leva a fazer muitos erros, pura e simplesmente por preguiça).

Tenho dito (para ser mais exacto Tenho escrito).

Mais um momento extremo de inspiração patrocinado pelo fustigamento a que a minha massa cinzenta tem sido sujeita, nesta Semana Académica.





segunda-feira, maio 08, 2006

...


Frases

Não sei ser feliz, não sei ser contente
Não sei o que importa para o resto da gente

Não sei porque faço as coisas assim
Deixando o presente na ansia do fim

Serei tão breve como um breve assobio,
Uma brisa de vento, uma rajada de frio.

Serei o silencio que quebra com o dia
A luz apagada de uma sala vazia

Por ruas ou estradas, por mares ou rios,
Trajectos de uma vida presa por fios

Qual copo partido ou lampada fundida,
O tempo que passa é a oportunidade perdida

Não sei porque faço, mas assim tem de ser
Andar por aí à procura de te ver

Por mares ou rios, por estradas ou ruas
Meu mundo é sem sol, mas tem muitas luas

Onde quer que vá, levo-te sempre p’la mão
Andas sempre a meu lado... minha solidão.


...........................Nelson Gonçalves (08/05/2006)




SSDD


Ontem devo ter visto o melhor “concerto” desta Semana Académica. Rouxinol Faduncho, o magnífico Marco Horácio. Foi um bom momento que se passou ali, à volta do fado.. quem diria, não é? "Há quem cante o fado... e há o Camané".

Uma coisa que me dá alguma confusão é o facto de pessoas irem para a frente do palco com intuito de insultar que está lá em cima... se não gostam, têem muita barraca para ir visitar, sem precisarem de estragar o ambiente de quem se quer divertira ali. Também não percebi a necessidade de se fazerem notar. A gritarem “palhaço, palhaço”... que eles estavam ali já tinha dado para notar, era escusado era estarem a assumir-se assim, durante o espectáculo.
Palhaços à parte, o espectáculo foi mesmo um espectáculo.
Talvez melhor até que Toranja (desculpem-me algumas pessoas que certamente pensarão o contrário).

Quanto ao resto da noite... o habitual regresso solitário para casa... SSDD...




sexta-feira, maio 05, 2006

Esclarecimento...

Lendo o meu ultimo post fica clara a ideia de que não gostei da experiência de ir conduzir no Autódromo do Estoril. Tal coisa não podia ser mais falsa, mas é o resultado de uma exacerbada auto-critica levada quase ao extremo, que exijo a mim mesmo em praticamente tudo o que faço.
Esta mania do perfeccionismo, quando afinal se está tão longe, no pólo oposto.

Adorei ir ao Autódromo.
Adorei conduzir naquelas condições.
Detestei aferir que não tenho estofo nem unhas para piloto de competição.
E aprendi imenso… principalmente a dar ainda mais crédito e valor a quem é piloto de competição (e que se restringe a uma pista de competição, sem andar a fazer loucuras nas outras estradas).

Já agora, para quem não sabe, conduzir um carro de competição numa pista de competição nada tem a ver com saber fazer peões com o carro ou conduzir a 190km/h numa auto-estrada.

Fiquei desiludido, quando no fim não consegui fazer aquilo que tinha na ideia em fazer.

Mas agora começa a Semana Académica e novas desilusões de mim próprio me esperam. Novas ou então as mesmas de sempre…




A barreira invisível

O medo. Essa barreira invisível e quase sempre intransponível que vai orientando - e minando - a minha vida.
O medo de ser infeliz.
O medo de falhar.
O medo da solidão.
O medo de me sentir inútil.
O medo de não conseguir ajudar.
O medo de que percebam o que sinto, pelos meus olhos.
O medo de me dar a conhecer a quem não conheço.
O medo de que tudo se mantenha como é.
O medo de que muitas coisas mudem.

...o medo de ser feliz?

Por vezes o medo traz agarrado a si o poder de nos submergir numa desilusão de nós próprios, e acabamos por não dar valor ao que de bom temos ou que nos acontece. Tenho essa mania de dar mais importância ao lado negro, sem conseguir discernir as coisas positivas que se podem colher de todas as situações.
E hoje sinto-me desiludido comigo próprio, apesar de saber de todas as condicionantes que não vou mencionar aqui.
Pensava e esperava fazer muito melhor, mas acabei por cair nos mesmos erros uma e outra vez, subjugado pelo medo que me percorreu a espinha a cada curva, a cada centimetro que o carro queria ir numa direcção que não era a certa.
E a consciencia (a mesma a que tantas e tantas vezes me repreendo de dar ouvidos) por antever esses erros, forçava os meus braços a fazer coisas que a minha cabeça não queria... e fiquei desiludido por ter cedido ao medo, à fraqueza que sempre me acompanhou, que sempre há de acompanhar e conduzir aos meus mais que muitos fracassos, por mais que eu não queira.

A história para contar aos netos (dos outros)? Daqui a uns 40 anos (se o Alzheimer me conceder):

(eu) Eu, sim eu, um dia conduzi no Autódromo no Estoril!
(pirralhos ranhosos a pingar do nariz) Eeehhh... e ganhou?
(eu outra vez) -.....errrrr...... era só a brincar!


Bela história... bela m**** de história.........

(não fazia questão de ganhar... queria era não ter feito tão má figura – pelo menos para mim próprio)




quarta-feira, maio 03, 2006

A day at the races

Há certos acontecimentos que podem, na altura devida, não parecer nada de muito especial, ao qual não se dá a devida importância e depois descobre-se que esse momento, esse acontecimento, é grande demais para caber numa só vida, de tão importante que se vem a demonstrar. É claro que é impossível, à partida, de se saber que esse momento teria tal peso ou tal importância na existência de alguém. E por causa disso arriscamo-nos a não saborear esse momento como deveria e mereceria ser saboreado.

Há, porém, momentos que de tão peculiares ou tão únicos que são, sabemos logo à partida que são daqueles episódios que marcam a nossa passagem por esta vida. Aqueles momentos que desejamos um dia poder contar uma e outra vez aos netos que não chegamos a ter. Aqueles momentos que conseguimos antecipar e pelos quais ansiamos durante dias a fio.

Amanhã tirei o dia de férias... vou conduzir no Autódromo do Estoril... quem sabe um dia venha a ter netos para lhes contar.


O espectacular capacete que me
emprestaram para levar amanhã.




terça-feira, maio 02, 2006

Sem hora certa


Qualquer hora serve

Se qualquer hora é certa
para se começar a amar
Vem, tenho a porta aberta,
Vem-me arrebatar.

Não sei se é no sorriso
Ou no brilho de um olhar,
Não consigo ser preciso,
Sei que não tem lugar.

Não é em casa nem na rua,
Não é à chegada nem à partida,
Seja à luz do sol ou da lua,
Arrebata-me e entra na minha vida.

.............Nelson Gonçalves, 02/05/2006




Hoje tinha sido um bom dia


De que cor é o ar que me fazes respirar? Qual o cheiro do sangue que me fazes correr nas veias?
Nas masmorras às quais eu próprio me prendo, talvez demasiado lentamente ensino-me a olhar para o vazio da tua imagem, que habita na minha mente, e decoro a beleza dos pequenos detalhes que te moldam.
Alimento o vácuo onde antes havia um coração pleno. Antes de entrares no meu mundo. Agora incentivo esse vazio, na esperança de que um dia o queiras preencher.
Na esperança de que um dia queiras mostrar-me as cores do ar que me fazes respirar.
Na esperança de que um dia preenchas este coração e o sangue solte o teu aroma inconfundivel, que já corre pelo meu corpo, sem que saibas.

Mostra-me as cores do mundo e o perfume da vida, como só tu o sabes fazer tão bem.






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