terça-feira, agosto 29, 2006

"Into the great wide open"
Inevitavelmente


O meu dia há-de chegar.
Chega para toda a gente, logo para mim também há-de chegar, mais cedo ou mais tarde.

Se puder escolher, quero que seja num dia de chuva intensa, um autentico dilúvio. Sempre ajuda, porque não quero muita gente à volta, principalmente aquelas pessoas que esperam por estes momentos para fazerem a sua aparição, apesar de não nos conhecerem de lado algum e até nem serem chegados a ninguém que lá se encontre.
De nada servirá irem “marcar o ponto”, até porque não tenho grandes riquezas materiais e não tenho por hábito alimentar abutres. As minhas riquezas residem em alguns sorrisos que fazia nascer nas faces de quem me rodeava em determinados momentos. A minha fortuna fica armazenada nas memórias, tanto boas como más, de quem conviveu comigo e que se mantém por aí.
Quanto menos gente melhor, não quero cortejos nem filas de carros a passo lento. Nada disso.
Não vai ser preciso música, o silêncio sempre me fez jus e raramente me falhou nos seus propósitos, quando por mim era invocado. Se tiver que haver uma música de fundo, então terá de seguir alguns requisitos. Que seja uma melodia límpida, simples e cristalina, requisitos que tanto destoam da minha existência, mas que se espera que a partir desse momento passem a fazer parte.
Não vou querer lágrimas. Derramei demasiadas e talvez tenha feito derramar muitas nestes anos, se calhar injustificadamente, chega de injustiças.
Choradinhos forçados, rezas, promessas alheias e mézinhas também dispenso. Inconsequentes, quando não são feitos com sentimento e muito menos nestas alturas. Convenhamos que acepipes e tapas lavados em lágrimas perdem todo o sabor.
Não quero trompetes, harpas, canticos, bandeiras a meia haste ou salvas de tiros para o ar. Não sou merecedor, não sou herói de coisa alguma nem de ninguém. Tons negros de roupa só se for a de algum padre ou que essa seja a vestimenta habitual que alguem use por hábito ou gosto pessoal, e mesmo esses não serão obrigados a levar essas cores.
Tristeza? Tristezas não pagam dividas e já bastam as que me atormentam o dia-a-dia. E neste caso nem é que se perca alguma coisa de jeito.

No fim bastar-me-á reconhecer, ali por cima de mim, gargalhadas de alegria. Saudosismo e nostálgia nas antigas histórias que se repetem nos encontros de velhos e novos amigos, mas que despertam as memórias de bons momentos passados.
Acima de mim, equilibrada sobre a terra molhada, será suficiente que fique apenas uma pedra cinzenta. Cinzenta como a minha passagem por cá. Não precisa ter nada escrito, nem nome nem datas para não se saber quem sou.

E flores também não quero... também elas morrem, de solidão.




"No love, no glory
No hero in her sky"


Este mundo é mesmo curioso. Durante mais de uma semana não consegui mudar a musica deste espaço. Tentei várias vezes, com musicas diferentes. Foi preciso descobrir esta, para que funcionasse.

Para quê escrever. Para quê usar palavras, comparações, hipérboles e toda um rol interminável de figuras de estilo para tentar mascarar e dar a volta à situação... quando está tudo aqui, na letra desta musica. Está lá tudo, até a ponta de ironia com que todos os dias tento enganar-te, enganar os outros... ou simplesmente enganar-me só a mim.

Damien Rice canta The blower’s daughter, musica da banda sonora do filme Closer. No botão do play, ali à direita. E a letra da musica, para não me esquecer de esquecer.

And so it is
Just like you said it would be
Life goes easy on me
Most of the time
And so it is
The shorter story
No love, no glory
No hero in her sky

I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes...

And so it is
Just like you said it should be
We'll both forget the breeze
Most of the time
And so it is
The colder water
The blower's daughter
The pupil in denial

I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes...

(Did I say that I loathe you?
Did I say that I want to
Leave it all behind?)

I can't take my mind off of you
I can't take my mind off you
I can't take my mind off of you
I can't take my mind off you
I can't take my mind off you
I can't take my mind...
My mind...my mind...
'Til I find somebody new

(The blower's daughter, Damien Rice)




segunda-feira, agosto 28, 2006

Insonso... as always


Se disser que os rios correm para a nascente, sou louco? Então e se disser que a foz do rio é onde nasce o mar... assim já tenho mais razão? Já deixo de ser tão louco?
Não quero. Não quero deixar de ser louco, se é isso que me permite ver o meu mundo como sempre o vi. Se é essa loucura que me permite ver belezas que se encontram escondidas ou que as outras pessoas normalmente não se dão ao trabalho de ver ou valorizar. Preciso dessa loucura, essa sensação de segurança, a garantia de que não tenho estado enganado este tempo todo.
Quero mais. Quero mais loucuras. Loucuras vindas dessa insanidade profunda que ilumina os predestinados.
Se ao menos eu fosse um...
...gostava de ser um.

Se dissesse que não choro há nem sei quantos dias... o caso talvez mudásse de figura. Mas quem me viu as lágrimas para me contradizer? Ninguém. Posso não chorar há meses, ou então choro por dentro, como faço tantas vezes ao dia. Choro por dentro, tantas vezes ao dia. Tantas que perco-lhe a conta. Tantas que já desisti de contar. Chorar por dentro ajuda a não se ficar empedernido, seco de emoções.


Na insuportavel pertinencia do que é estéril de conteúdo, procuram-se respostas para o que é insolucionavel. Corrompemo-nos na nossa própria teimosia de querer agarrar tudo num momento, tudo o que nos é dado e mais ainda – tudo o que queremos guardar sem ser nosso. E perdemos a razão e já nem sabemos porque começámos a lutar...
Afinal somos todos ladrões e quem não o é gostaria de ser. Ladrões de sentimentos ou de momentos alheios. E queremos tomá-los como se fossem nossos. Nunca foram e mesmo que se consiga prender alguns, nunca serão verdadeiramente nossos, porque o destinatário era outra pessoa por mais que nos tentemos enganar a nós próprios.

Hei-de escalar um céu só meu, onde os castelos têm a forma da luz. Onde os caminhos tropeçem nos degraus de uma escada decadente imaginada nesse instante, e as entranhas gritem do fundo das suas raízes um hino qualquer ao mais perfeito dos desamores inconsequentes que alguma vez se fez ver.
E - sentindo-me rei do meu mais pequeno mundo - olhando de lá de cima cá para baixo o mundo não seja mais que o esqueleto, prestes a ruir, de uma singela cabana de madeira consumida pelas chamas desse incêndio de desamores.

Queria ser caleidoscópio com vida.





domingo, agosto 27, 2006

Pelos rios da Babilónia, onde nós sentámos

"Saturday night fever" na FATACIL, com o excelente concerto dos Boney M, muito porreiro, apesar de ficar sempre aquela sensação que teria sido muito mais porreiro se ainda fosse o vocalista/dançarino original a dançar como um louco no palco, mas pronto, já não está entre nós, compreende-se que não conseguisse vir. Os The Rolling Clones, antes dos Boney M, não achei nada de especial.







sábado, agosto 26, 2006

(n.d.r.)

Dois dias de retiro espiritual e acima de tudo mental. Andei por aí sem dar cavaco a nada do que fazia (faço) normalmente. Pensar enquanto se conduz ajuda bastante. Pelas auto-estradas, pela costa vicentina ou pelas estradas alentejanas, despojadas de veiculos que obriguem a fazer grandes manobras que sejam. Quase sem ligar à paisagem e sem tirar fotografias que normalmente tiraria. Só a pensar, a por as ideias no lugar em que elas deviam sempre estar. E dentro das quatro paredes do meu quarto obscuro não conseguiria ter o raciocinio clarividente para ver as coisas como elas realmente são, não teria a lucidez que me estava a faltar em certos momentos em que socumbia à fraqueza. Sem MSN, blog, e-mails.
Quando voltei a ver o blog (esta madrugada) encontrei uns comentários interessantes e com algumas (talvez muitas) ideias a levar em linha de conta, mas com uma ou outra que é imerecida, mas que não levo a mal porque sei que não o fazem com qualquer maldade. Respondi na propria caixa de comentários, mas como as pessoas não são obrigadas a irem ver caixas de comentários anteriores, transcrevo aqui a minha resposta a essas pessoas que perderam algum tempo para "falarem" comigo através da caixa de comentários.


Talvez seja à hora errada, mas depois de dois dias sem querer olhar para o blog para não ver as parvoices que tinha escrito numa altura em que fui um bocado mais duro comigo próprio do que se calhar devia, deparo-me com alguns comentários que merecem alguns esclarecimentos, para que não passe a ideia errada sinto mesmo que tenho de responder.

Vasco, “vizinho”...
por vezes acho que é um bocado egoismo, sim, querer alguem assim tanto sem ter a minima ideia se teria ou não capacidade para a fazer minimamente feliz. Porque ao querê-la assim para mim faço-o pela minha própria felicidade sem saber se a faria feliz a ela. Também te digo, e neste caso falo exclusivamente em meu nome (com a esperança que os meus amigos não levem a mal), a maioria das vezes a amizade consegue sobrepor-se a tudo, e é o que me acontece a maioria do tempo que estou com eles. Mas depois há momentos em que “só” a amizade não parece ser suficiente, e os amigos não nos conseguem dar esses momentos especiais que só se conseguem ter na companhia de alguem ainda mais especial, alguem mais que “simples” amigo. E aí não consigo pensar em mais nada nem ninguem.

Inha,
eu sei que com sentimentos não se brinca e não é disso que se trata. Também te garanto que não é o caso de ela não me merecer. Ela merece tudo o que há de mais lindo neste mundo, talvez seja por isso é que eu não a mereça. Franqueza é sempre bem vinda tal como as tuas visitas (e de toda a gente até hoje), mesmo que seja necessário fazer um ou outro esclarecimento (para não ficarem a pensar mal de ninguem a não ser de mim próprio).

Dudu,
ela sabe, e duvidas não há... pelo menos para ela, que eu ainda tenho de me habituar à ideia (senão estes ultimos textos não teriam existido). Talvez demore algum tempo, mas vou fazer todos os possiveis para seguir em frente, sem mais “incidentes” destes.

Ana,
eu sei isso tudo, Ana. Nunca na minha cabeça passou a ideia de pensar pior sobre ela e provavelmente nunca passará. O problema talvez seja eu "já ter os sentimentos bem definidos" e identificados por ela, que por vezes custa um bocado não pensar nisso e acabo por fazer asneiras.

Não sei, talvez aquilo que realmente me chateia é ela estar apaixonada por alguem que não sabe dar o valor que ela realmente tem e que é imenso, quase insultuoso para o comum mortal. Ou talvez seja o facto de no dia em que ela decidir esquece-lo, ter ficado a ideia de que eu nunca seria uma 2ª, 3ª, 4ª ou 5ª hipotese. Quase ficou a ideia de que se só sobrasse à face da terra eu e ela, provavelmente ela pensaria duas ou três vezes e acabasse por não me “escolher”...

Ela continua a ser a mulher espectacular que sempre foi, que sempre mostrou ser, mesmo antes da primeira vez que tive a felicidade de partilhar uma mesa com ela e mostrar interesse no livro que ela lia – apesar da minha louvavel ignorancia sobre muita coisa relativa a leitura e àquele livro em particular.

Às pessoas que lêem o que escrevo (escrevi) só posso pedir que não a julguem ou pensem mal dela, porque ela não tem culpa de nada, porque ela é mesmo uma pessoa espectacular. Cada vez que a vejo é apenas a confirmação dessa ideia.




quinta-feira, agosto 24, 2006

Este é apenas um pequeno excerto...


Tenho pensado em tanta coisa ultimamente. Tanta coisa que não me agrada, mas que se calhar faria feliz tanta gente. Ou pelo menos, mais feliz quem me rodeia. Hoje não me sinto com forças para lutar contra mim mesmo e deixo-me derrotar pela inevitabilidade. Por aquilo que não queres.
Sou um reles cobarde por nunca te dizer pessoalmente, mas nunca estou sozinho contigo para o dizer. Sou eu... um reles cobarde.
Aqui sozinho como estou condenado a ser.
Um bobo da corte idolatrando a princesa, por quem está apaixonado como nunca esteve antes. Fazendo rir quem se cruza com ele, e chorando por dentro por te ver e saber que não te posso ter.
Em conversas alheias ou forçadas procuro encontrar a solução mais rápida e indolor para por fim a isto. Como se depois fosse possivel prosseguir com a vida, fazendo de conta que não aconteceu nada.
Neste momento não te sei dizer muito mais que isto.
A não ser que estou apaixonado por ti.
Aquilo que não queres que te diga. E compreendo-te.

Antes que escreva mais parvoices, vou-me deitar. Sei que não vais gostar de ler isto, e também sei o preço que vou pagar, se o leres. Não sei porquê, às vezes sinto que já estou a pagar um preço demasiado alto para mim, por tudo. Enfim... vou dormir. Amanhã, quando tiver a cabeça mais perto do lugar, logo decido se apago isto ou não. De qualquer maneira nunca me dirias nada sobre isto, eu sei...
Mas no fundo, até te compreendo.




quarta-feira, agosto 23, 2006

"Se...", tanta coisa "se..."


Qualquer coisa de mim

Pisa-me...
calcorreia todos os pedaços de mim,
onde quer que eles estejam espalhados.
Faz de mim o teu chão por onde passeias
ou as pedras soltas que pontapeias
quando soltas o ódio e a raiva te invade.

Faz-me teu colchão,
onde descansas o teu corpo exausto.
Deixa-me ser tua cama,
onde os lençois te aconchegam as noites frias,
e teu corpo se refresca nas noites quentes
ao sabor da tua janela aberta.

Faz dos meus ombros a tua almofada
onde derramas as lágrimas
quando a tristeza toma conta de ti.
Abraça os meus braços como armas
contra a tua solidão, quando for indesejada
e dos meus lábios rouba o mar de mil beijos
onde mora a alegria dos teus sorrisos.

Faz de mim o teu mortal infinito
onde o amor parece não ter fim.
Ou faz de mim um oito,
mas faz qualquer coisa de mim.

................Nelson Gonçalves (23/08/2006)




domingo, agosto 20, 2006

Vivências ou não


Fazia-se tarde.

Em surdina, as paredes ainda comentavam com os quadros pendurados as cenas que tinham acabado de presenciar. As caricias trocadas, os longos beijos que interrompiam os gemidos de prazer sussurrados entre braços e pernas enleadas. As voltas, as cambalhotas, as gargalhadas e os sorrisos cumplices de dois corpos em busca da satisfação muito mais que carnal - no entanto é sempre a carne que fica com a fama, quando o desejo é ardente e quer cortar o acesso ao oxigénio.

Não queria ir embora, mas sabia que tinha de ser. O seu tempo dentro daquele quarto esgotara-se... e que tempo tinha sido. Mas esses momentos já tinham passado. E ele agora sabia que tinha de sair daquele quarto, porque já não era o seu lugar, já estava a mais ali dentro. Não queria ir, porque sabia que assim que saisse dali o mundo voltava a girar e o tempo voltava a andar. Dentro daquele quarto o tempo parava e o mundo lá fora deixava de existir. Ali dentro não havia fome ou sede que ele não fosse capaz de saciar no corpo dela. Não havia tempo a passar nem nada que perturbasse os momentos em que tudo parece perfeito numa vida.

Pegou no casaco. Olhou-a nos lindos olhos castanhos e disse, contrariado, o habitual “Adeus, boa noite” com que sempre se despede, guardando para si o "Adoro-te" que sempre tem vontade de dizer. Voltou-se para a porta, rodou a maçaneta bem devagar na esperança de ouvir um “Não vás”. Por momentos pensou ter ouvido isso mesmo e hesitou. No fundo sabia que era ele próprio a querer enganar-se e que o silêncio não tinha sido quebrado, a não ser pela própria mente na sua imaginação.
Abriu a porta e saiu sem saber se algum dia voltaria a entrar.

Por momentos o mundo tinha parado... mas voltou a girar.





Há flores na lua


À mulher mais bela

Trepei aos prédios mais altos
Como coisa simples que se faça,
Percorri desertos e planaltos
Bebendo a sede por uma taça.

Atravessei ruas escuras e tortas
Como se soubesse por onde andava,
Caminhei sobre ondas revoltas
Onde só eu me naufragava,

Desenhei mundos num só traço
Com o objectivo de te encontrar,
Das nuvens guardei um pedaço
Onde passavas noites a sonhar,

Da lua roubei uma flor
E desejos foram aos milhares,
Em sonhos inventei um amor
Que respira ao suspirares,

Do céu tirei uma estrela
Que não sabia o que era brilhar,
Ofereci-a à mulher mais bela
Para que tu a pudesses ensinar,

Se um dia alguém me perguntar
Se o meu mundo faz algum sentido,
Desculpem se não replicar
Pois de amores ando perdido.

...............Nelson Gonçalves (20/08/2006)

Nota: não, ainda não coloquei o "plano" em prática... (in)felizmente.




sábado, agosto 19, 2006

Planos, ideias, teorias


Elaborei um plano para a minha sobrevivência mental. Recorrendo à ideia inicial de Pavlov e à teoria da psicologia comportamental por ele desenvolvida e estudada, vou por em pratica um plano que através do condicionamento clássico me vai permitir ultrapassar estes tempos, e poder sobreviver minimamente são para um dia poder contar as minhas histórias aos filhos e netos... de alguém. Para quem não está muito por dentro da matéria em questão aqui fica uma breve explicação de condicionamento clássico:

“A idéia básica do condicionamento clássico consiste em que algumas respostas comportamentais são reflexos incondicionados, ou seja, são inatas em vez de aprendidas, enquanto que outras são reflexos condicionados, aprendidos através do emparelhamento com situações agradáveis ou aversivas simultâneas ou imediatamente posteriores.”

Assim sendo decidi que, quando estiver sozinho (para que ninguém fique a pensar que já estou completamente demente) e der por mim a pensar numa certa pessoa ou qualquer coisa relativamente a ela, dou uma estalada bem forte em mim próprio. Cada vez que der por mim a pensar nela ponho em pratica este plano. Se a teoria pavloviana estiver correcta, eventualmente ensinarei a mim próprio a deixar de pensar nela, e tudo será bem melhor para todos daí em diante.
Entretanto, e se porventura quem se cruzar comigo reparar que tenho a cara um pouco mais vermelha ou com marcas de dedos e/ou mãos no corpo, não se preocupem porque trata-se apenas dos efeitos secundários a que este tratamento me obriga.
Ainda não me decidi pela estalada na cara ou se por outro método igualmente repressivo, mas depois logo se vê.
Um dia destes tenho de começar a por o plano em pratica...




sexta-feira, agosto 18, 2006

Às mil maravilhas


Hoje tenho um jantar diferente, em casa. Uma das poucas familias que se lembra de vir do norte para passar ferias cá no Algarve (são amigos de longa data dos meus tios - penso eu), vem cá jantar. Infelizmente não arranjei nenhum jantar fora de casa, para me esquivar. Não suporto a quantidade de sorrisos amarelos que se vê numa situação destas, como se não bastasse a repetição de histórias que se ouvem todos os anos.
Melhor ainda este ano, quando a conversa cair para o meu lado...

- Então, e que tal vai isso de futebol?
- Deixei de jogar.
- Então, que aconteceu?
- Não havia nenhum treinador que acreditasse que eu pudesse ter lugar numa equipa...
- Ah...
...então e esse trabalho, que tal vai isso?
- Pois, deixei de trabalhar há coisa de três semanas.
- De ferias no Algarve, hein? Isso é que é.
- Não, deixei mesmo de trabalhar. Não me quiseram renovar o contrato.
- Ups...
...bom, e a Universidade? Já tás quase a terminar, não?
- Por acaso até não. Começo até a pensar que nunca vou conseguir acabar o curso...
- ...
...e quando é que apresentas a tua namorada ao pessoal?
- Olhe, até podia ser hoje, mas por causa do AVC que a minha avó teve há 2 dias e pelo qual está no hospital, esqueci-me de tirar a namorada do bolso de trás das outras calças, que por azar estão a lavar!


Não tenho razão para me queixar. A vida até me corre tão bem...
...às mil maravilhas!




terça-feira, agosto 15, 2006

Oportunidade única


Estou farto. Farto e cansado de tentar, e fracassar... em tudo. Simplesmente não tenho o que é preciso, e já vai sendo altura de me convencer disso mesmo e deixar de me tentar enganar. Já são tantas vezes consecutivas, e cada uma delas parece mais “certa” que a anterior... mas porque raio sou eu tão parvo?? Está na hora de acordar para a vida e vê-la como ela é, e deixar de querer coisas que nunca estiveram ou estarão ao meu alcance, porque não estão mesmo.

Nasci numa família católica. Pouco praticante, é verdade, mas católica. Desde pequeno que fui obrigado a reger-me por esses ideais, mas quando me foi dada a oportunidade, questionei muitas coisas e respostas não tive nenhumas, para além do facto de muita coisa me soar a falso, e não haver como provar a sua autenticidade.
Não condeno quem acredita na religião, cada um sabe de si, desde que isso não implique negativamente os outros. Mas a cada momento que passa, vou perdendo mais e mais a pouca ou nenhuma fé que me resta. Não na religião, que essa já há muito que não me diz nada, mas a fé em tudo o resto que me diz respeito a mim.

Estou cansado. Cansado e farto de lutar por um destino que não é o meu. No entanto parece que tudo me sai mal, que acabo por estragar todas as oportunidades que me são dadas.. ou que, pelo menos, eu me convenço a mim mesmo que me são dadas, quando na realidade, nem sei se o são.

Desde que me foi dada a possibilidade de escolher por mim que me considero agnostico. Questiono frequentemente a existencia ou não de um deus, sem nunca ter tido uma resposta que apontasse para o “sim”. Pois bem, agora seria talvez a melhor altura para me provar que tenho estado enganado e que realmente existe.

Se existes, deixa-me começar tudo de novo, da estaca zero... e de preferencia com uma nova “embalagem”, mais atraente, porque esta definitivamente parece estar condenada.
Deixa-me começar de novo, do inicio...
Posso?




domingo, agosto 13, 2006

Food for thought... or not


Nas ruas por onde vagueiam os teus mundos não há chão, onde em tempos caminhavam os meros mortais. Há nuvens que se elevam por entre as estrelas incandescentes, onde se pode encontrar o trilho que leva aos atalhos da sapiencia e se ouvem as histórias de alguem que nunca se conheceu.
Não há traços, porque os desenhos não são para se ver com olhos, mas sim para serem devorados pela alma que os esboça nas folhas da imaginação. Nada está ao alcance do toque, porque tangível é apenas o desejo da carne - marcada com cicatrizes deixadas pelas labaredas do prazer consumado.
Nessa dimensão onde só vive o que é etéreo, tudo passa por ser sonhado e nas palmas das mãos tudo perde a necessidade de ser retocado, por reconhecer-se algo que é puro como a água que se dá de beber a um perdido nos seus próprios desertos.
As linhas da mão não contam histórias nem destinos a tomar. Mas cantam amores inconscientes como um turbilhão de ideias lascivas. E gritam os espinhos cravados na pele, das rosas que ficaram por se entregar em breves momentos de loucura e fantasia.
O que se mantém guardado pelo passar dos tempos não é material ou fisico. É a transcendência das palavras por inventar e que não se podem pronunciar mas que afinal de contas são as que mais tocam no fundo do ser humano.
Basta fechar os olhos e começar a ver a vida como ela nunca foi até hoje... para ninguém.

Segundo post seguido com titulo em inglês, mas adoro aquela expressão.




sexta-feira, agosto 11, 2006

Wake up call!!


A festa estava excelente. Os teus amigos e os meus a partilharem o mesmo tecto, a ouvir o mesmo som e a terem as mesmas conversas. Tu não perdias uma oportunidade para me espicaçar, fosse pelo que fosse, e eu não perdia uma oportunidade de responder com um qualquer comentário mordaz. E lá continuavamos os dois, cada um para seu lado, com um sorriso de quem se está a divertir com essas situações.
A certa altura, quando vinhas na minha direcção com o teu magnifico sorriso na face e parecias preparar-te para mais uma picardia comigo, o teu chinelo terá ficado preso no tapete (digo eu, que nem vi porque foi) e, evitando que caisses, estiquei os meus braços e amparei o balanço com que ias.
Para que ninguem reparasse que tinhas tropeçado puxei-te para dançar, bem abraçados. Nem muito rápido nem muito lento. Nem interessava o ritmo da musica – talvez fosse Portishead, Sneaker Pimps ou mesmo Morcheeba, num estilo chillout que fica sempre bem como musica de fundo. Dançávamos ao nosso ritmo, não interessava o da musica...
Os nossos amigos, apercebendo-se do que se estava a passar olhavam para nós, não diziam nada e apenas sorriam. E antes que a musica acabasse, fomos para a rua, sem nunca nos largarmos, onde a luz da lua cheia convidava a encontrar um local recondito onde mais ninguem nos encontrasse. No entanto, escolhemos ficar num banco de jardim, onde nos sentámos, a inicio sem falar com a boca. No meio do silencio falavamos com o bater dos nossos corações. Apenas ali sentados a admirar o céu com todas as estrelas a quererem brilhar o mais que pudessem, mais do que era normal, só para nós. Tu com um braço à volta da minha cintura e a outra mão sobre o meu peito. Eu com um braço por cima dos teus ombros e a outra mão por cima da tua mão, que me acalmava o apressado ritmo cardíaco muito acima do aconselhado.
Começámos então a conversar. As conversas típicas de casais enamorados, que parecem conversas infantis para as outras pessoas. Medíamos e comparávamos os tamanhos das mãos um do outro, ou o feitio dos dedos, como se fosse preciso uma desculpa para nos tocarmos com as mãos de um no outro. No fundo era como se nos beijassemos quando as pontas dos nossos dedos tocavam-se. Não precisavamos mais, porque sabiamos que o verdadeiro beijo aconteceria mais cedo ou mais tarde. E tudo parecia assim seguir o caminho mais certo e mais perfeito que se podia imaginar... porque o beijo aconteceria, e tinhamos tanta certeza disso que nem um nem outro tinha qualquer pressa... porque quando acontecesse seria monumental, memorável e quiçá interminável, pelo menos nas nossas memórias...


...e o desgraçado do despertador tocou!!
E ainda me perguntam porque acordei de mau humor... e se respondesse que é porque a realidade anda tão longe dos sonhos que tenho, mais precisamente deste sonho que tive esta noite? Mas também, acho que era pedir demais...




quinta-feira, agosto 10, 2006

O medo na língua portuguesa


Amo, do verbo “gostar demasiado”

“Amo-te”?
Como se fosse possivel dizer
e saber-se o que se diz.
Como se fosse possivel
quantificar este sentimento,
sem se sentir medo de usar um termo
que deveria ser muito mais
do que aquilo que se consegue dizer,
sem parecer exagerado.
Como se fosse possivel
amar mais do que alguem
alguma vez amou.

“Amo-te”
é uma palavra demasiado forte,
por isso digo de outra maneira.
Significas tanto para mim,
que desejava que cada momento contigo
nunca conhecesse um fim.

“Amo-te”...
Palavra geradora de medos incofessados,
tão esperada e tão receada,
tão imponente quando pronunciada.
Quem sabe o verdadeiro sentido
ou a força que ela própria contém?
Quem sabe porque o mundo é assim?
Quem sabe, ninguém.

......................Nelson Gonçalves (9/8/2006)




Até mais não...


Ignorancias

Não sei se te amo ou se é apenas paixão,
mas quando te vejo não me sinto no chão.
Não vejo o céu, não há escuro nem há luz.
Apenas tua imagem, tudo o que me seduz.

........................NelsonGonçalves (8/8/2006)




quarta-feira, agosto 09, 2006

A pedra no teu sapato


Sinto-me a pedra no sapato. Que começa apenas por molestar ligeiramente, e passado pouco tempo começa a chatear até mais não. De tanto chatear cria uma bolha, incómoda e dolorosa. E, se não são tomadas medidas, eventualmente se transforma em ferida. No fundo é tão fácil, basta tirar o sapato e jogar-me fora.

Não vou escrever muito mais. Não era agora que ia ter alguma coisa para escrever que fosse minimamente interessante.

Fica apenas a letra da música escrita por António Variações. Anjo da guarda, versão das Três Tristes Tigres, no botão do play à direita.

Eu tenho um anjo
Anjo da guarda
Que me protege
De noite e de dia
Eu não o vejo
Eu não o ouço
Mas sinto sempre a sua companhia

Eu tenho um guarda
Que é um anjo
Que me protege
De noite e de dia
Não usa arma
Não usa a força
Usa uma luz com que ilumina a minha vida

Ele não, não usa arma
Ele não, não usa a força
Usa uma luz com que ilumina a minha vida

(Anjo da Guarda, Três Tristes Tigres)


...coisa que não sou para ti.




segunda-feira, agosto 07, 2006

Noites em claro, está claro!


Se arrependimento matasse... arrependo-me de certas coisas que fiz e de outras que deixei de fazer.
Arrependo-me de não te ter telefonado esta noite a perguntar-te se podia passar a noite contigo.
Se era para passar a noite acordado, então que fosse na tua companhia que faz com que todos os segundos valham a pena.
Se era para passar a noite toda a ouvir alguma coisa, então que fosse a melodia da tua voz que faz com que o mundo se feche ali à nossa volta, sem que nada mais tenha importância.
Se era para passar toda a noite a procurar ver alguma coisa, então que fosse à procura de um sinal de prazer e satisfação no teu olhar.
Se fosse para ser tocado por outro ser, então que esse ser fosses tu, e que esse toque fosse o teu toque mágico que me arrepia a pele e dá asas à minha imaginação.
Se fosse para passar a noite em claro num quarto quente, então que esse quarto fosse o teu, onde sei que fazes todos os possíveis para que os malditos mosquitos não entrem.

No entanto passei a noite acordado, sozinho no meu quarto quente a ouvir o zumbido de um mosquito maldito que eu não conseguia encontrar de maneira nenhuma, para no fim ser picado pelo mesmo, depois de eu sucumbir ao cansaço.

Post scriptum: com o nascer do Sol desisti de tentar encontrar o maldito mosquito, que a estas horas vive feliz da vida, de barriga cheia à custa de todo o sangue que me surripiou...

Post post Scriptum: como se pode depreender, nenhum ser vivo (à excepção da minha própria pessoa) foi maltratado durante os eventos aqui descritos, nem na feitura deste texto. Portanto a Sociedade Protectora dos Animais pode descansar.




sábado, agosto 05, 2006

"Numa noite em que o céu tinha um brilho mais forte..."


Consigo ser injusto, cruel até, se assim se pode dizer.
Sei que não serve de atenuante, mas a paixão tem esta manía insuportável de matar os sentidos que nos ligam à realidade, e “razão” ou “racionalidade” parecem ser palavras que não existem no seu dicionário.
Fico com a sensação que cada vez te oiço menos, pelo menos não tanto como devia, ou como eu queria que fosse.

Se calhar até não é verdade. Se calhar falas tanto comigo como antes, ou até fales um pouco menos, apenas e só por causa das vicissitudes da vida que raramente corre como queremos.
O que sei é que não falas tanto como eu queria, porque adoro ouvir-te falar, adoro o som magnífico que essas benditas cordas vocais produzem e as conversas que tenho contigo parecem fábulas envoltas num manto de perfeição que me deixam normalmente com um sorriso de felicidade extrema por partilhares esses momentos comigo. E cada palavra que sai dessa tua linda boca sabe a bálsamo, soa a contentamento e conforto para todos os males que me deitam abaixo.

Já não falas tanto como antes, ou pelo menos tanto quanto eu gostava de te ouvir... eu sei que sou injusto e parcial, porque quero sempre mais.





sexta-feira, agosto 04, 2006

Curiosidades quotidianas


Vagueio pelos caminhos do costume, os mesmos caminhos que me levam sempre ao mesmo destino incerto, mas que sei bem onde vai dar. Vai tudo dar ao mesmo de sempre.
Que interessa...?
Que interessa se caminho sobre calçadas, relva ou terra. Se deixo ou não pegadas... ninguém as segue, ninguém as quer seguir.
Que interessa...?
Que interessa se rio, canto ou choro. Os meus sons não fazem eco, e não possuem a propriedade de se propagar pelo espaço.
Que interessa...?
Que interessa se falo, calo ou escrevo. As minhas palavras parecem não fazer sentido e o significado perde-se no vazio do silêncio, seja ele um silêncio falado ou escrito.
Que interessa...?
Que interessa se corro, ando ou me sento. Onde quer que esteja é indiferente, há coisas que nunca mudam. Dizem que está escrito, tanto faz que seja nas estrelas, nas cartas, na palma da mão, nos búzios ou no fundo de uma chavená de café.
Que interessa...? Nunca é suficiente. Nunca foi e nunca há de ser suficiente.

Posso ficar uma eternidade a admirar-te e, por mais que tente, a unica coisa que não consigo gostar em ti é o facto de não gostares de mim... pelo menos como eu queria que gostasses.




quarta-feira, agosto 02, 2006

Fazer o quê...?



Fechei os olhos

Do alto deste cume vejo o mundo todo.
Vejo tudo o que se passa.
As guerras,
futeis e estupidas,
que matam inocentes e esventram
as terras deixadas em cinzas.
Os engarrafamentos nas cidades,
enormes filas de carros
quais formigas a tentarem entrar
no alvoroço do formigueiro
a que se auto-submetem.
Vejo os grandes e pequenos magnatas,
nas suas vilas privadas
rodeados de riquezas e mordomias,
ostentando suas jóias,
plásticas e colecções de carros e amantes,
entregues à ausencia
de sentimentos verdadeiros.
Vejo o cidadão comum,
que luta dia após dia pela sobrevivencia,
tentando manter a dignidade
de quem vive honestamente
para dar o melhor à sua família,
fazendo das próprias tripas coração.
Vejo a civilização no seu todo,
sujo ou limpo,
feio ou lindo,
louco ou são.

Fecho os olhos e vejo florestas verdes,
planicies a perder de vista,
rios, lagos e lagoas,
praias, quedas de agua e enseadas,
flores, arvores e bosques.
Vejo as nuvens claras
sobrepostas às mais escuras,
um avião a escrever “adoro-te” no céu,
enquanto ao longe a chuva
choca com os raios do sol
e juntos desenham um arco-iris
no sopé desta minha montanha.
Milhares de borboletas e passaros
voam para pousarem a meu lado,
e em meu redor, do meio do nada,
nascem as mais lindas flores
que possas imaginar.

Fechei os olhos e vi-te a ti.

..................Nelson Gonçalves (02/08/2006)




Deixando marcas


Muitas são as vezes que acabo por pensar que fui longe demais. Que quis ter mais do que aquilo que a vida está preparada para me dar. Já sei que é bom ter sonhos e lutar por eles. E eu tenho bastantes sonhos desses, quase todos por cumprir, quase todos a chegar a um ponto que não são possiveis tornar-se realidade.

Na minha juventude caí na asneira de traçar três grandes objectivos e defini como meta temporal para os realizar, a magnifica idade de 23 anos. Era a altura ideal, mudança de século e de milénio, um marco na História da Humanidade e também seria um marco na história da minha própria existência.
Chegada a altura, nenhum dos objectivos estava alcançado, nem de perto nem de longe. Decidi adiar, indefinidamente, a consecução desses objectivos, sem que nunca abdicasse de os conseguir atingir.
Posso dizer que um foi completamente posto de lado, por já ser impossivel. Restam-me outros dois.
Um destes dois está cada vez mais longe de conseguir atingir e a tornar-se cada vez mais uma miragem.
Resta-me um... e desse nunca hei de desistir, por muito mal que as coisas venham a correr. Esse sonho tornar-se realidade há de fazer valer a pena todos os outros que não se tornaram realidade.

Entretanto, vou deixando pequenas marcas da minha passagem pelos diversos sitios onde me vou encontrando.




terça-feira, agosto 01, 2006

Pelos céus, se perdendo


O medo de andar de avião.
Há pessoas que ficam autenticamente aterrorizadas, cada vez que têm de andar de avião. Agarram-se aos braços do banco em que vão sentadas e, não fossem eles - os bancos - feitos de materia bem resistente, certamente acabariam a viagem soltos do resto do banco. Outras passam a viagem em rezas e agoiros que só fazem aumentar a tensão a outros passageiros que ainda se vão esforçando por disfarçar os seus receios. Há ainda os que ficam completamente petrificados, sem pestanejar, quase que entram em hibernação de olhos bem abertos e respiração meio contida, e só "voltam à vida" quando lhes avisam que a viagem chegou ao fim.

Nunca tive esses receios, em todas (as poucas) viagens de avião que fiz. De que me serve estar a preocupar-me antecipadamente que alguma coisa pode vir a acontecer ao avião? É quase como não sair de casa com medo de que caia em cima da cabeça um piano, apesar de se viver numa cidade onde só há casas com rés-de-chão. Ou não atravessar a estrada com medo de se ser atropelado, quando afinal toda a gente anda a pé.
Talvez uma das grandes razões para não ter esse medo de voar seja o facto de nunca ter passado por nenhum poço de ar demasiado grande, nem nunca ter feito uma viagem de avião que fosse muito turbulenta.
Recuso-me entrar num avião com medo antecipado, porque não me serve de nada. Se houver algum problema com o avião, de certeza que não será o facto de estar antecipadamente preocupado ou com medo que fará com que o problema se resolva. Nada como disfrutar ao máximo da viagem, sem pensar em eventuais desgraças que podem muito bem nunca chegar a acontecer.
Se conseguisse transportar isto para as outras coisas da vida...

Corta essas amarras com que te prendes ao chão... tu, que podes voar para tão longe e tão alto...
Levas-me a voar contigo...?
Até onde me quiseres levar...






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